Este Top 10 existe desde 2021. Quando começou não imaginamos que rolaria falar por aqui de novidades de bandas como Beatles e Rolling Stones, mas rolou. O Pulp é uma banda muito mais nova que os dois exemplos citados, porém tão ou mais paradas que ambas. Surpreendentemente, 2025 e uma inédita do Pulp aparece em primeiro lugar deste ranking com todos os méritos possíveis. Jarvis Cocker e cia. não estão de brincadeira.
Foi postar o Top 10 da semana passada que chegou a notícia: o Pulp não esperou a gente e lançou uma música nova, 24 anos depois. Mais: anunciaram um disco de inéditas, chamado “More”. Era o primeiro lugar perfeito, mas tivemos que esperar uma semana toda. Tudo bem, aqui está o seu primeiro lugar, Jarvis Cocker. Gravado no ano passado, o disco é o registro da formação com Jarvis, Candida Doyle, Nick Banks e Mark Webber com participações especiais notáveis, como o sempre presente Richard Hawley. “Spike Island” é uma referência ao histórico show do Stones Roses em 1990, uma espécie de “lançamento da cultura britpop” que ia explodir um pouco depois. Aquela, uma apresentação mitológica por ser em uma ilha artificial cercada por fábricas antigas abandonadas com 30 mil pessoas, entre pagantes e intrusos. Talvez a pira de Jarvis aqui seja recuperar esse cenário meio desolador e meio nostálgico que em alguma medida antecipou o britpop nos anos seguintes, onde de alguma forma o Pulp se encaixaria gigante e a seu modo. Ou seja: não se encaixando. Musica maravilhosa.
“SABLE, fABLE” é o quinto disco da deliciosa banda indie folk americana Bon Iver. É um álbum duplo, mas sua divisão é um pouco incomum. A primeira parte, “SABLE”, é composta por apenas três músicas. Já “fABLE” é composto por outras nove canções. Após uma década intensa de trabalho e sucesso, Justin Vernon estava exausto, sofrendo com uma ansiedade paralisante. A pandemia acabou por coincidir com o momento em que ele resolveu dar um tempo, pouco depois do lançamento do superproduzido “I,I” em 2019 – ele chegou a tentar voltar aos palcos em 2022, mas desistiu logo depois. Esta pequena jornada de retomada de si mesmo está descrita em “SABLE”, essencialmente um álbum voz e violão, mas voz e violão ao modo Bon Iver, experimental. A abordagem intimista funciona como ponto de partida para reflexão e até pedidos de desculpas pelos excessos. Da limpeza espiritual, física e criativa, nasce “fABLE”, mais requintado em termos de produção, mirando no pop, mas no pop ao modo Bon Iver, esquisitinho. Além da estranheza sonora, temos Justin Vernon mais maduro. Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, ele conta que encontrou o amor de sua vida e logo depois descobriu que não teria um relacionamento tradicional como ele sempre imaginou. Diz para a jornalista que não estão nem juntos nem separados, é outra parada. E a vida é meio que isso, não? A gente imagina algo e tudo acontece meio diferente. Entender que nem tudo é felicidade e que a dor anda mais em conversa do que em guerra com a gente pacífica muita coisa. Parece que Justin chegou nessa percepção.
Por falar em limpar o terreno para que novas ideias surjam, o Cloud Nothings, voltou a ser um trio de rock básico. Assim, o grupo de Cleveland liderado por Dylan Baldi parece ter retornado ao básico em seu oitavo álbum de estúdio, “Final Summer”, que sai nesta sexta-feira. É indie desleixado com guitarras empilhadas e um vocal sem medo de se esgoelar. Nunca deixa de funcionar, é impressionante. Talvez seja o disco mais legal deles desde o ótimo, marcante e urgente “Attack on a Memory”, lá de 2012. A diferença é que aqui eles soam ainda mais barulhentos – amadurecimento?
Após a boa passagem pelo Brasil, o Garbage prepara o lançamento de “Let All That We Imagine Be the Light”, oitavo álbum da veterana banda. Apesar do nome, “Não Há Futuro no Otimismo”, a música propõe seu inverso. De acordo com a grande vocalista Shirley Manson, é um chamado aos interessados em encarar o mundo com amor, uma resposta a toda violência que ela enxerga por aí. Ela está falando de Los Angeles, especificamente, mas onde a coisa não está feia atualmente? A faixa seria justamente um hino contra não imaginar um futuro melhor, como aponta o verso “Não há futuro que não possa ser inventado”. Precisa!
Frankie Poullain é o baixista figura do Darkness – aquele com bigode, sabe? É ele quem assume o vocal da banda inglesa em “Peppermint and Chamomile”, faixa bônus de “Dreams on Toast”, edição especial de agora do álbum mais recente dos ingleses, onde todos os integrantes assume o vocal em uma música, inclusive o próprio vocalista, o outro figura da banda, o conhecido Justin Hawkins. Em “Peppermint and Chamomile” a banda deixa o glam rock para brincar um pouco no folk. O que se mantém é a letra bem-humorada. Aqui falam sobre começar a beber chá e seus benefícios, se é que entendemos bem.
O novo single da Lana Del Rey vem sendo descrito como uma balada country da cantora. A gente enxerga que ela está mais perto de continuar sua trajetória de pop cinemático, pela capacidade de criar enredos e cenários visíveis no primeiro play. É uma Lana country, sim, mas muito mais perto de “Born to Die” do que do rodeio de Jaguariúna (que vai receber neste ano a Kacey Musgraves, ok?).
O casal Patrick Riley e Alaina Moore, duo americano que forma o Tennis, anunciou que seu sétimo álbum, “Face Down in the Garden”, também será o último da banda. “12 Blown Tires” é o single que acompanhou o anúncio. A justificativa é que vão buscar novas ideias. Em um texto, Alaina contou das frustrações durante a turnê anterior. Uma delas, uma série de pneus furados durante a tour, inspiraram “12 Blown Tires”, que acabou virando uma música sobre toda a trajetória da banda. É uma despedida pra lá de agridoce.
“Heartbreak” é a música mais Tune-Yards possível. Uma sobreposição de vozes alimenta uma linha de baixo e uma percussão básica para dar cama ao vocal de Merrill Garbus. Com seu parceiro, Nate Brenner, ela prepara “Better Dreaming”, o primeiro álbum do duo americano desde 2021 e o primeiro desde que eles viraram pais – a pequena deu as caras no single anterior, “Limelight”.
No segundo single de “Phantom Island”, o álbum orquestral dos cambiantes King Gizzard & The Lizard Wizard que sai daqui dois meses, começamos entender melhor o caminho que a banda busca. Temos metais, diferentes vocalistas, solos de guitarra – é uma ópera rock. Sua maluquice deixa o primeiro single, “Phantom Island”, quase solene. O novo disco dos australianos será lançado em 13 de junho.
“Saviors”, lançado no ano passado, é o melhor disco do velho Green Day talvez desde o famoso “American Idiot” (2004). Os shows no Coachella e sua vinda ao Brasil em breve confirmam a boa fase. O álbum agora vai ganhar uma edição de luxo dentro de um mês e um dos extra é “Smash It Like Belushi”, que não é bem um tributo ao humorista, mas usa do seu sobrenome como senha para comportamentos caóticos.
***
* Na vinheta do Top 10, o grupo inglês Pulp.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.