Top 10 Gringo – Ah, 2025… A nova do Squid, o indie-metal fofo da Sasami e o incrível Fantasy of a Broken Heart. É o que temos ainda em 2024

Atenção. 2025 já começou há algum tempo, caso você não tenha notado. Quem informa são os singles da semana, a maioria pensada para discos que só chegarão aos nossos ouvidos no ano que vem. E tem um pouco de tudo: pós-punk, pop, alt-country e até beatle-country.

Os malucos pós-punks ingleses do Squid já deram o primeiro sinal de “Cowards”, quarto álbum da banda de Brighton, previsto para fevereiro do ano que vem. E o tortuoso single “Crispy Skin” aborda justamente o tema da covardia ao pensar em uma distopia proposta no livro “Saboroso Cadáver”, da argentina Agustina Bazterrica. No livro, um vírus contamina toda a carne que não seja humana e a sociedade se ajusta ao problema legalizando um sistema de reprodução de seres humanos como animais de abate. O ponto de vista assumido pelo Squid nessa história é não se imaginar como o herói moral quando as coisas chegam nesse nível. “Eu sou ruim? Sim, sim, eu sou”, diz o refrão.

Mais um pouco de 2025. Em março, será lançado “Blood on the Silver Screen”, terceiro álbum da californiana Sasami, artista que mistura indie, industrial e metal de um jeito bem seu, digamos. Porém, o single “Just Be Friends” vai por uma direção quase alt-country, interessado no mote clássico: manter a amizade ou arriscar tudo ao assumir esse relacionamento? Ao lançar a música, Sasami comentou que nos shows gosta de dedicar essa aos “tristes e com tesão”. Sacou? E quem conheceu a Sasami da pancada “Skin a Rat” que lute com essa nova pegada sonora. 

Gostou de assistir o Water from Your Eyes no Balaclava Fest? Então saiba que o baterista e a guitarrista que acompanham Nate Amos e Rachel Brown no palco tem um projeto tão legal quanto. Estamos falando do Fantasy of a Broken Heart, formado por Bailey Wollowitz e Al Nardo, que acabou de soltar seu primeiro disco, o balado “Feats of Engineering”. É bem bom mesmo.

A capa do novo single do inglês James Blake traz o Sphere de Las Vegas em forma de um emoji sorridente em chamas. A letra de “Like the End” tem essa energia. Blake está desesperançoso com o futuro. Ele diz no refrão: “Mas não parece o fim?/ Algo está a caminho/ Acho que não estamos preparados”. Ele não define o alvo, mas é fácil imaginar algumas possibilidades. É a emergência climática prestes a devastar o mundo? Será a eleição de Trump e sua influência? Em outro momento da música, Blake comenta que sua casa tenta ser a América. Pode ser o presságio de outro péssimo primeiro-ministro britânico. O mistério fica no ar assim como a música, que acaba quase que sem aviso – e sem aviso também ficamos nós aqui, sem saber se a música estará em um futuro álbum ou ela foi só um desabafo urgente. 

Se James Blake sente que algo está fora da ordem, a também britânica FKA Twigs traduz o sentimento de confusão na caótica “Drums of Death”, quase toda baseada em uma sonoridade glitchy. Em outras palavras, aquele som que rola quando seu computador trava, sabe? Porém, o assunto aqui é sexo. E com o ponto de vista pouco usual ao falar da busca por prazer em um corpo exausto de trabalho e do mundo lá fora, o que torna a dinâmica dessa procura por alívio ainda mais intensa e talvez até violenta, se é que não estamos muito David Cronenberg das ideias. Enfim. Uma música para bons debates. Ela fará parte de “Eusexua”, próximo álbum da artista, previsto para o finalzinho de janeiro do ano que vem. Será o novo “Brat”? Tem um jeitão que sim.   

O pessoal não acostumou ainda a ver muito Apple TV+, mas as séries boas não param de sair por lá. Em mais uma temporada da comédia “Bad Sisters”, quem cuida da trilha é só uma tal de PJ Harvey. Entre o material original feito com Tim Phillips, uma cover de Joy Division. A opção do arranjo é curiosa: meio modernosa, mas respeitando muito o original, em especial os timbres. É como se uma versão karaokê tocasse ao fundo da experimentação de PJ Harvey. Chique demais. 

Ainda na área dos covers, a Julien Baker encarou um clássico mais novinho: “Get Me Away from Here, I’m Dying”, do Belle and Sebastian. A música fará parte de uma nova coletânea da ONG Red Hot, que sempre lutou por ampliar o acesso à saúde, em especial na luta contra a AIDS. O foco da nova coletânea, que se chamará “TRAИƧA” é recolher fundos para colaborar com instituições LGBTQI+ com foco especial para ajudar na questão dos direitos de pessoas trans.  

Tava dando falta do Lil Nas X? 2025 promete ser dele e o terreno já vem sendo preparado para o seu álbum “Dreamboy”. Esta “Light Again” já circulava em versão demo desde o começo do ano e Lil Nas vinha dando pistas dela ao longo desse tempo todo. O que pega aqui é que não é um single qualquer. Além de ter a presença de Thomas Bangalter, do Daft Punk, na produção, a música é dona de um refrão poderoso – dá para ouvi-la tocando no rádio o ano que vem todinho! Não seria surpresa se ela virasse um hit tipo “Montero” ou “Thats What I Want”. 

Depois de todo o charme de lançar um disco-surpresa apenas em vinil e levar dias para disponibilizar a obra nos serviços de streaming, Jack White facilitou a vida do lado B “You Got Me Searching”. A música, obviamente, fará parte de um sete polegadas de “That’s How I’m Feeling”, mas chegou antes nas plataformas digitais. É a típica música que deve ter ficado de fora do disco por conta de espaço, já que é ótima! 

2024 foi o ano do country na música pop. Do indie ao pop, muita gente foi vista com chapéu de cowboy. Um pouquinho atrasado, mas atento, Ringo Starr lança no ano que vem o seu próprio disco voltado ao gênero. E, lógico, ele aparece com um senhor chapéu na capa! “Thankful” é simpática a ponto de que não faria feio em um dos primeiros discos dos Beatles.


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* Na vinheta do Top 10, a banda inglesa Squid.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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