Nesta semana a gente tem vários universos conversando na nossa listinha de favoritas gringas. Um indie rock que a gente queria no Popload Festival 2023, um jazz contemporâneo que chega com pinta de disco do ano, covers de canções dos anos 60 e 70 e até um Elton John pós-punk acertadíssimo. Vem com a gente que tudo fará sentido. Garantimos.
Se a gente não tiver viajando muito, nunca demos um primeiro lugar para esse trio maravilhoso de Chicago formado por Nora Cheng, Penelope Lowenstein e Gigi Reece. Essa repaginação do site mexeu um pouco com a gente… E, embora este não seja um lançamento desta semana, escutamos muito o vinil e pensamos: “Opa, vamos de Horsegirl”. Vale muito sacar este rock alternativo delas que pega bastante do melhor feito entre 1980, 1990 e o começo dos 2000. Elas entregam muito do que você já viu por aí, mas com um cara bem 2022 – não soa empoeirado. Ok, uma poeirinha aqui e acolá, mas é que a gente curte demais, sabe?
Tem horas que parece errado a gente recomendar algo que ainda não absorveu completamente. Mas existem obras que são mais exigentes e precisam de mais tempo do que temos para montar um top 10 semanal. Detalhe: comparar esse disco da poeta norte-americana Moor Mother com um livro não é exagero. É bem literal, no caso. Era para ser um livro de poesias, mas virou um superálbum que mescla spoken word com um jazz refinadíssimo e solto com dezenas de convidados contribuindo. Espere por ele em várias listas de melhores do ano.
Estamos apaixonados por esse trio de Los Angeles. Em seu segundo álbum, Izzy Glaudini (synths e vocais) Halle Saxon (baixo e vocais) e Lola Dompé (bateria e vocais) chegam conceituais. “Excess”, de acordo com elas, é uma viagem sobre aquela virada dos anos 70 para os 80, onde tudo que restou de cultura alternativa foi capturado de vez pelo capitalismo. Com essa lente, elas falam sobre solidão em tempos que os sonhos de muitos é só escapar deste mundo e seu destino – alô, bilionários com sede pelo espaço, esta é para vocês. Nessa reflexão toda há espaço para uma música que é uma mera “batida adolescente”, sem muito papo. Smells like teen spirit, meio é a mensagem. Por aí.
É difícil pensar que alguém escutou “100% Endurance” no álbum de estreia do Yard Act, excelente banda da nova cena de pós-punk inglesa, e tenha imaginado: “Hum, Elton John faria a diferença aqui”. Não parece ter espaço para um piano no formato guitarra, baixo e bateria do grupo. Ainda assim, Elton virou um fã declarado do grupo e em conversas com o vocalista James Smith soltou um “Sim” ao despretensioso convite dele para que Elton colasse no estúdio. Agora é quase impossível imaginar a faixa sem piano. Pode refazer o disco todo com o Elton que parece que cabe um pianinho aí.
Dá turma do Blur, Damon Albarn e Graham Coxon se arriscaram em carreiras solos – Damon, então, em mil projetos paralelos. Já o baixista Alex James apostou em outra onda – escritor e queijeiro. Sim, fabricante de queijos. Já o baterista Dave Rowntree foi mexer com animação e até política e nunca tinha tentando nada solo. Agora, aos 60 anos, emplaca um excelente single, “London Bridge”, feito a partir da fascinação e espanto dele com o local. Tem previsão de disco até – o homem chegou.
As trilhas da série de filmes “Meu Malvado Favorito” e sua variante, os filmes dedicados apenas aos Minions, sempre foram excelentes. Não é diferente desta vez em “Minions 2: a Origem de Gru”. Tocada pelo produtor Jack Antonoff, o favorito de Taylor Swift, Lana Del Rey, Lorde, entre outro(a)s, as músicas do filme são versões de clássicos dos anos 1960 e 1970. Tem até a nossa “Desafinado”. Mas os destaques vão para a versão clean e desacelerada que Phoebe Bridgers fez para a bela canção do Carpenters, enquanto Caroline Polachek acrescenta uma batida que não existe na “Bang Bang” original da Cher e tem na versão da Nancy Sinatra (que você conhece de “Kill Bill” que a gente sabe).
A galesa Gwenno, que fez parte da banda The Pipettes, chega ao seu terceiro álbum solo e mantém sua interessante ideia de investir em composições em galês e no dialeto da região Cornualha – regiões que tem lá suas questões com a Inglaterra e o Reino Unido, para ficar posto de maneira simples. A mensagem da música é política: Gales não está à venda. Em galês: “Nid yw Cymru ar werth”. Em termos de som, é um synth-pop nota dez.
Naima por pouco não integra outro top da casa, no caso, nosso Top 50 da CENA. Nascida em Glastonbury, ela é filha de um brasileiro – a mãe é grega – e viveu a infância por aqui. De volta à Inglaterra, ainda na adolescência fundou a Goat Girl. E agora estreia solo com o álbum “Giant Palm”. Em letras e músicas escritas ao longo da vida, ela traz muito do folk mais europeu, ainda que se deixe levar pelas lembranças do Brasil. Para não deixar dúvida, ela lança uma versão tateando um português que convence e fica bonito: “O Morro”, composição de Carlos Lyra e Gianfancesco Guarnieri que já foi cantada por Nara Leão, Elis…
E o Weezer segue com seu projetinho 2022: uma série de álbuns dedicados a cada estação do ano. Os lançamentos acontecem no primeiro dia de cada estação, de acordo com o Hemisfério Norte, né… Então, já rolou “Spring” (“Primavera”) e agora no nosso inverno eles chegam com “Summer”. Em tese, a sonoridade deveria ser conceitual, mas, como a capa do álbum indica, a banda está mais em chamas do que solar por aqui. Mas até que rola um ” whoa-ho” em “Cuomoville”, que é divertida e quase vira um heavy metal dos anos 80 na segunda metade. É aquela coisa: não é dos momentos mais inspirados da banda, mas não chega a ser um erro.
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* Na vinheta do Top 10, a diva Beyoncé.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.
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