Popnotas discos – Os novos trabalhos dos inoxidáveis Neko Case e Jeff Tweedy. E o imprevisível Geese

* Hoje é daqueles dias em que a música alternativa simplesmente é comemorada. Três lançamentos importantes chegaram de uma vez só, conectando gerações e estilos diferentes: Neko Case, Jeff Tweedy e a banda Geese liberaram seus novos álbuns, cada um marcando um capítulo distinto na cena, mas todos unidos pela vontade de explorar novos caminhos criativos.

*** Sete anos se passaram desde o último disco solo de Neko Case, e agora ela retorna com “Neon Grey Midnight Green”, um trabalho carregado de arranjos intensos e poéticos. O álbum abre espaço para delicadezas como “Little Gears”, que encontra beleza no detalhe de uma teia de aranha, e para explosões sentimentais como “Wreck”, onde o amor aparece em sua forma mais radiante. Desde “Hell-On” (2018), Case havia se limitado à coletânea “Wild Creatures” (2022) e a colaborar com o The New Pornographers em “Continue as a Guest” (2023). Agora, seu retorno solo soa como um reencontro com ela mesma. E com a esperança, diz ela.

*** Também hoje, Jeff Tweedy resolveu mostrar que segue o mesmo de sempre: unstoppable. O líder do Wilco lançou “Twilight Override”, disco produzido por ele mesmo ao lado de Tom Schick, que reúne três álbuns de material inédito em um só. Dividido em capítulos que passeiam pelo passado, presente e futuro, o trabalho conta com participações de músicos da cena de Chicago e até dos filhos de Tweedy, Spencer e Sammy. Das melodias leves de “One Tiny Flower” ao encerramento à la Beatles de “Enough”, o álbum se impõe como um registro generoso e transbordante. Aquele “jeito Wilco”.

*** Fechando a tríade de lançamentos, o Geese confirma seu posto como uma das bandas mais imprevisíveis do indie atual. Com “Getting Killed”, Cameron Winter e seus parceiros Max Bassin, Dominic DiGesu e Emily Green seguem a linha ousada iniciada no projeto “Heavy Metal”. O novo álbum brinca com contrastes: “Taxes” soa quase devocional, com ecos do Velvet Underground, “Trinidad” abre o disco em tom paranoico e urgente, e “100 Horses” aparece robusta e confiante. Mais uma vez, o Geese desafia o público a parar de tentar prever seus passos e simplesmente acompanhar a viagem. Vale a pena, pelas audições primeiras.

MDE 1 – horizontal miolo página
terrenoestranho-greenday-horizontal interna