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O público (mais) jovem e a ~experiência~
* Como já comentamos em outros anos, seja sobre o Lolla ou não, no Brasil ou não, o foco dos festivais hoje é outro, todo mundo sabe e, se você não sabia, mas frequentou um grande festival nos últimos dois anos, já percebeu. É fato, não uma opinião ou suspeita: festival é a tal da experiência. Por isso é que o Popload Festival é o melh… Ok, foco.
Voltando ao Lollapalooza, que dominou nosso final de semana e durou até ontem à noite: ir a um festival faz tempo que deixou de ser (só) o ato de você sair de casa para ver as bandas que você e sua turminha curtem.
Além da disposição e boa vontade para estar diante de muitas atrações novas (novas tanto na idade dos integrantes como nos anos de existência como banda), e abrir a mente para o mundo da EDM e de seus DJs que arrastam mais público que headliners veteranos, você tem que estar preparado para tudo que envolve um festival no Brasil e no mundo: diversidade de gêneros musicais e de público.
Num festival gigante como o nosso Lolla, dá de tudo: a turma do oba-oba, a turma dos “influencers”, a turma da paquera, a turma dos VIP, a turma da Tegan & Sara e da Mø e a turma do Metallica e do Rancid. E você, que talvez só queira ver um The XXzinho. Infelizmente, este festival não é para você exatamente, mas sim para todas as alternativas anteriores. E é a gente que tem que se adaptar à experiência, e não o contrário.
Agora, vale ressaltar que, no Brasil, o público tem um outro grande obstáculo: o tradicional e já coisa-nossa, o famoso PERRENGUE. Mais abaixo, na nossa listinha de coisas que funcionaram, não funcionaram e aquelas que a gente nem curte, mas entende. 🙂
Apesar do line-up digamos “fraco”, se comparado às edições anteriores, o público teen recebeu pelo o que pagou. Bandas divertidas, DJs ainda bombados, bandas indie-pop com refrões grudentos e uma tenda eletrônica que finalmente se assumiu palco e que ficou lotado com gritaria em todos os shows. Tudo isso durante a tarde, com sol, clima muito bom e perfeito para essa faixa etária específica. Essa sim o novo alvo de festas dentro de festivais. Você, eu e talvez toda a geração indie-Strokes-2001 estamos no segundo plano. Nem incluo aqui o público específico do Metallica porque eles teriam ido, sem reclamar, até à Festa do Peão de Barretos, fosse a turma do Lars o headliner.
Aos adultos da categoria indie-madura (hehe), restou escolher entre o “requentado” (Two Door Cinema Club, Cage The Elephant etc.) e o nostálgico (Duran Duran e Metallica e até Strokes, vai). Mas, e aqui os públicos A & B se encontram, tudo vale a pena se você tem um The Weeknd ou um The XX no meio do caminho. Vale fila, perrengue, chuvinha e maratona entre palcos.
Sobre o show do XX, que a gente vai falar mais abaixo, agradecemos ao festival ter trazido uma banda tão moderna e tão atual, tão indie e tão eletrônica, tudo ao mesmo tempo, e com um claro sinal de desenvolvimento sonoro latente.
Também vale elogiar o “Machistas Não Passarão” da Titi Muller x DJ Borgore, a pontualidade dos shows, como sempre, as opções gastronômicas (até que bem) variadas, a quantidade de banheiros espalhados.
* Ainda não muito comum no Brasil, o sistema cashless já é bem utilizado lá fora e vai substituir todas as formas de pagamento em eventos de grande e médio porte logo mais, então é bom que: 1. as empresas aprendam a lidar com imprevistos 2. o público leia as regras e siga as instruções de uso ANTES do festival.
Unindo esses dois fatores acima às mais de 100 mil pessoas que passaram pelo Autódromo no sábado (público recorde do Lolla), é claro que perfeito não ia ser. Apesar de amplamente divulgado, massacrado em redes sociais tanto pelo bom serviço da oficial quanto pela reverberação na galera, de as regras de uso terem sido enviadas aos detentores de pulseiras-ingressos, estarem nos bares e em todos os lugares de divulgação, muita gente se perdeu. Ou ficou perdida. Houve quem não tenha validado, quem não tenha carregado, quem não soube o que fazer, quem botou a pulseira UM MÉS antes do evento etc. Também teve pulseira que não funcionou, que não computou carregamento, que precisou ser carregada duas vezes e tals. Teve horas que virou sistema drinkless e eatless no sábado.
Mas, tirando a culpa do sistema ou não, o que parece mesmo que aconteceu é que a organização não soube prever a rotatividade dos bares. Filas quilométricas em todos os caixas e pontos de chopp possíveis, com espera de 40 a 50 min em cada. Este ponto tem que ser revisto no ano que vem, principalmente se alguma banda do tamanho do Metallica estiver escalada. No domingo, tudo funcionou beleza, pelo que notamos.
– CATFISH & THE BOTTLEMEN – No começo da tarde de domingo, em uma espécie de matinê do Lolla, os meninos galeses do Catfish and the Bottlemen fizeram sua animada estreia por aqui. Banda que lançou seu disco de estreia em 2014 (“The Balcony”), de cara já conseguiu fazer um certo barulho, emplacando vários singles desse debut nas rádios de sua terra natal. Se no primeiro disco a banda tinha um visual mais despreocupado e um pouco mais, digamos, rock’n’roll, a provável “estratégia de carreira” que algum esperto projetou para eles transformou o vocalista Van McCann numa espécie de “galã teen”. E, pelo visto, ao menos para uma parte do público funcionou.
Mas o que importa aqui (e deveria importar mais também por aí) é a música. Ainda que inofensivo, bem “radio friendly” e talvez por precisar de mais tempo para encontrar um som próprio e uma personalidade mais forte, a banda é, sim, boa. E continua carregando o selo de “promissora”.
Dividindo o setlist exatamente com cinco canções de cada álbum, sendo o segundo, “The Ride”, de 2016, o show foi mais um daqueles que começam com uma já boa base de fãs, mas que com boas músicas e uma ótima vibe acabaram atraindo aos poucos mais e mais pessoas.
Curioso destaque para o roadie mirim, que devia ter uns 12 anos e foi constantemente aplaudido desde que pisou no palco, enrolado na bandeira do Brasil, para colar o setlist aos pés da banda, minutos antes do show.
Longe de ser inesquecível, mas uma boa banda para continuar de olho.
– SILVERSUN PICKUPS – Talvez uma das bandas indies mais subestimadas da cena americana, finalmente a californiana Silversun Pickups se apresentou por aqui. Formado em 2000, com quatro álbuns na bagagem e muita história para contar desde o pós-grunge e o novo rock, o grupo do vocalista e guitarrista Brian Aubert mostrou no Lolla um indie rock inspiradíssimo e alternando riffs com bastante pegada, solos caprichados e o baixo carregado e bem presente durante toda a apresentação. No palco, funcionou bem a divisão de atenções de Brian, o extrovertido que domina e não para um segundo, e da baixista Nikki Monninger, contida e tímida, mas também quase todo tempo sorridente e empolgada a seu modo. Desde a impactante abertura com “Nightlight”, a banda manteve o nível, fechando bem com “Lazy Eye” (do primeiro álbum “Carnavas” de 2006 e uma de suas músicas mais conhecidas). Mas, com tantos discos lançados, e a demora em aparecer por aqui, o show até tentou resumir toda a carreira da banda, mas foi curto demais e deixou aquela amarga sensação de que faltaram talvez umas 80 músicas que mereceriam estar no setlist. Pela cativante e forte apresentação, além da importante ótima recepção do público, com certeza mais uma das bandas que mereciam ter sua própria Lolla Party.
– THE 1975 – Tocou no fim de tarde do sábado. Fizeram um som pop até sofisticado, lembrando Michael Jackson em alguns momentos, da mesma maneira que The Weeknd lembra Michael Jackson. É uma pena que o 1975 não tem nem os hooks do Michael Jackson nem a subversividade do Weeknd. O setlist da banda também foi anticlimático, não conseguindo manter um equilíbrio entre as músicas animadas e as melódicas, acabando com qualquer empolgação assim que a criavam. Boa parte do público se ausentou bem antes do fim do show – uma pena para o bacana e loooonge palco Ônix, que já tinha recebido o chatinho Glass Animals mais cedo. Mas a forma como o 1975 utilizou o telão com cores fortes (especialmente roxo/rosa), vale dizer, foi legal.
– RANCID – O veterano grupo punk de segunda geração pareceu trazer uma das maiores plateias dedicadas do Lolla no sábado. Pelo que vimos, a quantidade de camisetas do Rancid no festival só perdia para as do Metallica. Esse pessoal se fez presente e berrou as letras das 20 músicas do setlist – bastante para um show de apenas uma hora de duração. Infelizmente, 20 músicas punk são 20 músicas quase iguais, ou pelo menos num estilo bem homogêneo. O som abafado do palco Skol naquele momento (que estava similarmente ruim no Cage the Elephant) não ajudou muito. Para quem gosta de Rancid (ou amava em sua adolescência), ver a banda pela primeira vez no Brasil foi um sonho realizado. Para quem estava apenas esperando o Metallica, pode ter sido um teste de paciência.
– THE STROKES – Obrigado, Lolla, pelo melhor show dos Strokes no Brasil dos seis que eles fizeram, talvez empatado com aquele “tal” do Cais do Porto (RJ) de 2005. Eles nunca tiveram à altura, ao vivo, das músicas antológicas que fizeram nos três primeiros álbuns. E no palco a banda tem uma interação tão cativante quanto a de um grupo formado por cones, como nos referimos no futebol ao goleiro que não se mexe ou o atacante que não faz nada lá na frente. A gente soube nos bastidores do Lolla que a relação dos caras continua bem tensa, o que não ajuda a virar um show “coeso”. E o Julian Casablancas continua com tipo de amigo-bêbado fazendo piada sem graça na tentativa de interagir com o público e com os “amigos” da banda, mas sem retorno ou jeito para isso. Mas acontece que as canções deles, tirando um ou outro momento ruim de “música nova” ou pouco tocada, estavam sensacionalmente altas, em volume absurdo e estridente. Parecia uma grande garagem. E, milagre, a voz do Julian estava muito boa. E 2000 e pouquinho voltou à cabeça. Funhouse, Milo e Vegas foram revividos um pouco. Strokes não é mais o que a gente ouve hoje e muito menos o que a gente quer para a música DE hoje, mas, como diversão, valeu muito!
– METALLICA – Esse foi um headliner mais headliner que qualquer atração do Lollapalooza 2016 (e talvez 2015). Enquanto no ano passado trouxeram Eminem em um ponto morto de sua carreira, Metallica, ainda que velho, está no meio da turnê de um disco novo e tendo um dos seus melhores momentos desta década. Como era de se esperar, executaram os clássicos necessários e uma seleção de músicas novas, todas com perfeição. Os resultados, na maioria, foram muito bons. Abrindo com as novas (e boas) “Hardwired” e “Atlas Rise”, logo emendaram duas favoritas do público: “For Whom the Bell Tolls” e “The Memory Remains”. Mesmo sendo uma escolha um tanto esquisita para um festival que nasceu “indie rock” (ainda dá para dizer isso?) e está virando pop-eletrônico, nessas primeiras quatro músicas já ficou óbvio que a atmosfera estava perfeita, e o público totalmente envolvido. Lá pela quinta música nova no setlist, parecia que o show daria uma esfriada, mas uma sequência impecável com “One”, “Master of Puppets” e “Fade to Black” foi mais do que o necessário para fazer daquela uma das melhores performances a já passar pelo Lollapalooza. Vale ressaltar que os visuais que passavam no telão variavam do monótono (efeitos de câmera sem-graça em “Halo on Fire”, “Harvester of Sorrow”) ao sensacional (vídeos de objetos sendo quebrados em perfeita sincronia com “Battery”).
No fim das contas, fica claro o propósito do Metallica ali: mostrar que são uma banda praticamente sem igual no momento, desfilando clássicos de discos que ajudaram (e ainda ajudam) a definir todo um gênero.
– DURAN DURAN – A participação da cantora Céu foi bacana e muito significativa para esta CENA fazer parte de uma banda boa e grandiosa (e, inexorável, “passada”) como o grande Duran Duran, mas não combinou. Soou estranho. Mas Ok. De resto, o caminhão de hits que Simon LeBon e turma têm foi desempenhado com fidelidade, voz boa e roupas coloridas idem pelo vocalista. Teve um certo cansaço de banda e público no final, mas foi um show saudoso bom, digno de fim de tarde, fim de banda, fim de geração. O Duran Duran hoje, diferente dos velhuscos Stones, por exemplo, sofre de natural perda de energia, embora carregue o punhado de músicas maravilhosas que fez para onde for e isso conta muito. Mas, se você não cobrá-los e se cobrar de ver a banda com o gás, por exemplo, que você sente influenciando bandas em filmes como o sucesso recente “Sing Street”, vai ter achado o show do Lolla bem decente.
– THE WEEKND – De bad boy do R&B à unanimidade pop de vários tentáculos, mas ainda uma vida inteligente nesse meio, o cantor canadense fez um belo show no Lollapalooza. Sua apresentação começou a toda velocidade, num ritmo que se não cansasse um pouco do meio para o fim (talvez proposital, por causa de sua escolha de repertório, talvez para não se entregar tanto ao pop. RESISTÊNCIA!!) poderia ter sido eleito “O Show” desta edição do festival de Interlagos. No palco o cara é um bicho, seja tocando seu quase trap desconhecidos a sucessos estrondosos como “Can’t Feel My Face”. O povo fã pode preferir a segunda fase à primeira de sua carreira. Mas o Weeknd parece não fazer distinção e cantar com mesmo entusiasmo e “feeling” tanto uma quanto a outra. Não, não vou compará-lo a Michael Jackson. Deixa o cara.
– THE XX – Já se passaram quatro anos desde que o trio inglês esteve no Brasil pela primeira vez, como headliner da primeira edição do Popload Festival (cóf.). E é impressionante ver de perto a dimensão que a carreira da banda (e, principalmente, a de Jamie XX) tomou. Como atração principal do melhor palco Ônix, esta talvez tenha sido a sequência mais extrema de lineup em um festival: o público saiu de um transe hipnótico de luz e silêncio e se jogou ao lado em um mar de berros e solos de James Hetfield, do Metallica. Se em 2013 o The XX era uma banda razoavelmente pequena, com zero hits mas com singles incríveis, três integrantes extremamente tímidos e dois discos surpreendentes só que ainda bem low profile, em 2017 o trio volta ao país em sua melhor fase. Depende do ponto de vista, claro, mas o mainstream fez muito bem ao grupo (há quem acuse o The XX de estar passando por uma “coldplayzação”, seja lá o que isso signifique). De lá para cá, eles tiveram música na trilha de uma minissérie na Globo, parcerias com Rihanna e Alicia Keys, arranjaram uma fã chamada Beyoncé e, recentemente, fizeram uma residência em Londres com uma semana inteira de shows lotados. Tudo isso com um o disco absurdo e uma carreira solo bem-sucedida do menino Jamie XX, o cérebro eletrônico da banda. Talvez todo esse repertório mais pop, ou, mais “eclético”, tenha influenciado diretamente o terceiro disco “I See You”, bem mais dançante e colorido, bem mais Jamie que Romy & Oliver. Estes dois, uma atração à parte. Desengonçados e ainda claramente tímidos, tentam a todo custo se soltarem no palco, fazendo uma dança esquisita, robótica e desconexa, mas que acaba tudo bem no final (OK, dá um pouquinho de vergonha, mas a gente se solidariza e bate palma pelo esforço!). As músicas do novo álbum impressionaram: funcionam perfeitamente ao vivo. Servem para dançar e animar o setlist sem tirar o clima intimista ou atrapalhar as músicas mais lentas de discos anteriores. O show começou com “Say Something Loving”, que há apenas dois meses de seu lançamento, foi cantada em coro por milhares de pessoas (e até pelo público oba-oba da área VIP haha), emocionando a banda, assim como o single “On Hold”, que abriu o bis. The XX parece ser a maior banda pequena do mundo hoje. Saiba mais para baixo o que o Jamie XX achou do show, em entrevista exclusiva à Popload nesta terça à tarde.
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* No pós-Lollapalooza não teve descanso. A segundona reservou uma dobradinha de (ainda) novos nomes no Cine Joia, na Liberdade, com shows da banda inglesa Glass Animals e da cantora dinamarquesa MØ, dois ex-indie-dance e atuais pop, enquanto no mesmo horário rolava a apresentação do britpop manchesterizado do grupo The 1975 no Audio Club, na Barra Funda. Ambas as casas com bom público.
Temos ibagens:
Em cima e embaixo, show da dinamarquesa MØ (já conhecida no Brasil como Møzão ou Møzin) no Cine Joia. O XX foi ver a moça, foram ao camarim, achava-se que a Romy podia dar uma canja, mas nada rolou
Acima, o grupo Glass Animals em ação no Cine Joia, com o mapping dando um certo colorido psicodélico ao indie-pop dos meninos da terra do Radiohead
De Manchester para a Barra Funda, o grupo The 1975 em ação no Audio Club. Abaixo, o setlist mostrado no Instagram de um fã empolgado
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Artista gringo adora elogiar a plateia “quente” do Brasil, quase sempre retórica para ganhar o público, conquistar simpatia, fazer aquela média. Mas esse não pareceu o caso do rapaz Jamie XX em entrevista exclusiva à Popload nesta tarde, num restaurante no Jardim Paulista, num “off” da banda. Até porque o show já aconteceu, não tem mais nada a ser ganho.
Estamos num restaurante “emprestado” ao The XX na região do Jardim Paulista, colado ao hotel Unique. O Lollapalooza, do qual o trio inglês foi um dos grandes destaques no final de semana, ainda teve desdobramentos por aqui em plena terça-feira, veja você.
“É sério. Eu esperava um show bom aqui no Brasil, de novo, mas a energia que veio do público para nós, no palco, foi muito grande. A gente lotou sete datas em Londres há poucos dias [Brixton Academy] e nenhuma delas teve esse clima. Nem no Japão nossos shows têm essa energia. Vocês são mesmo diferentes. Acredite!”, disse o geniozinho sonoro da banda inglesa, o cérebro eletrônico do grupo indie, que também é exímio DJ e produtor, além de ter construído uma importante carreira solo depois do lindo “In Colour”, álbum lançado no ano passado. Ah, e o único do trio que carrega o “XX” no nome.
“Foi a mesma reação do público no nosso show aqui em São Paulo em 2013, nossa primeira apresentação no Brasil. Mas com muito menos gente. Então não nos surpreendeu desta vez”, afirmou o músico, se referindo na vinda do XX ao primeiro Popload Festival, então com apenas os dois primeiros discos para tocar.
“Se eu me lembro daquele show de 2013? Claro que sim. O palco era grande, mas era estreito. Tive que montar minha aparelhagem de um modo diferente. E éramos uma banda bem diferente do que somos hoje, inclusive sonoramente. Lembro ainda de ter comido muito bem daquela vez em São Paulo. Mas não me recordo onde foi.”
Embora essa “guinada ao dance” fez o XX virar uma outra banda, com o discaço “I See You”, o terceiro álbum, lançado neste ano, Jamie XX não se diz responsável sozinho pela mudança no estilo do grupo. “Foi um consenso. Tivemos muito tempo entre o segundo e o terceiro álbum para saber onde íamos. E ele foi saindo dessa maneira, mais híbrido em estilos. E, sim, meu disco solo ajudou a apontar alguns caminhos nesse sentido”, avisou.
O “cara da eletrônica” da banda indie XX diz que gosta de ouvir e até tocar música independente, sem querer apontar novos nomes da cena inglesa. “Eu sempre carrego algumas músicas indies para misturar em meus sets, se for preciso e se na hora da apresentação couber. No começo, por causa do estilo do XX, quando me agendavam para discotecar, achavam que eu ia tocar apenas indie. Claro, isso já mudou totalmente”, falou Jamie, que já viajou sozinho para atuar como DJ em lugares como Moscou, Jerusalem e Hong Kong, em robustos convites.
Se ele se entusiasmado com a cena eletrônica atual? “Não está muito divulgado por aí, ainda, mas tem uma incrível cena de jazz misturado à elementos de eletrônico acontecendo agora no underground de Londres. Os DJs, produtores e até bandas desse ritmo são na maioria bem novos. Muita coisa boa deve sair daí em breve.”
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POPLOAD NO LOLLAPALOOZA: Lúcio Ribeiro, Ana Carolina Monteiro, Fernando Scoczynski Filho, Alexandre Gliv Zampieri.
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