Nesta quinta foram anunciadas as atrações da 13ª edição do Lollapalooza Brasil, que acontece nos dias 20, 21 e 22 de março do ano que vem. Serão 72 nomes ao todo, desses 33 internacionais. Dos gringos, 17 deles estreantes no Brasil.
O pôster completo do Lolla 2026, este que você vê lá embaixo precisa ser dechavado ainda, digamos. Mas de cara já fizemos uma pequena lista do que você não poderá perder nesta próxima edição do festival de Interlagos.
Com uma audiência cada vez mais faminta por novos ícones, Chappell Roan chega ao Lollapalooza Brasil com a força de quem tem pouco tempo de carreira mas já carrega o impacto de uma verdadeira queridinha do pop. O anúncio de sua vinda parece natural: afinal, o Brasil é garantido solo fértil para grandes espetáculos do gênero, basta lembrar como recebemos recentemente de braços abertos figuras como Madonna e Lady Gaga.
E aqui não tem espaço para o básico. A última temporada de shows de Chappell, que passou pelo verão europeu, trouxe um desfile de cores, brilhos e exagero na medida certa. Visualmente, é impossível passar despercebida.
Musicalmente, ela mistura seu cabaré moderno, cultura queer com letras chicletes. Chicletes mas com propósito. O tão comentado gênero pop sáfico que foi trazido à tona após lançamentos de seus hits “Good Luck Babe” e “Pink Pony Club” são feitos sob a perspectiva feminina queer, que fala sem rodeios sobre desejo e relacionamentos entre mulheres. Pautas essas que dialoga bastante com a nova geração, que não procura somente música, mas também arte e ativismo como inspiração.
Está cedo ainda para já chamá-la de rainha?
Das bandas surgidas no nascimento do chamado “nu metal”, talvez seja justo dizer que a mais diversificada e íntegra delas é o Deftones. E raríssimos são os casos na história da música de artistas com mais de 30 anos de carreira lançando novos álbuns que podem ser considerados (MESMO) como um dos melhores da discografia.
O recém-lançado décimo álbum, “Private Music”, que o líder Chino Moreno diz que foi inspirado no… Radiohead (!!!), vem colecionando grandes e merecidos elogios da crítica. E o amor pelo disco também é quase unanimidade entre os fãs.
Muito elogiadas também tem sido as apresentações ao vivo que os californianos têm feito nos últimos meses. E, certamente, a adição de novas músicas (que já estão acontecendo, inclusive) também cairão muito bem nos sempre bem elaborados e caprichados setlists.
Aposta praticamente segura para serem considerados como um dos melhores shows / destaques nas análises pós-festival. Em março a gente conversa.
Lorde chega grandona ao Lollapalooza Brasil, pois volta ao país em um dos momentos mais intensos e marcantes de sua carreira. Com o lançamento de “Virgin”, seu quarto disco de estúdio que saiu ano passado, a neozelandesa abraça uma fase mais vulnerável, honesta e visceral, transformando suas próprias experiências em canções confessionais. O resultado é um álbum que foge dos clichês do pop e se aproxima de um diálogo íntimo com o público, algo que só reforça seu status de artista essencial da nova geração.
O novo trabalho apresenta letras libertadoras, que abordam desde identidade e sexualidade até traumas e recomeços, nas quais Lorde não tem medo de expor fragilidades, criando um retrato cru de suas inquietações e desejos. Essa entrega emocional faz com que suas músicas ressoem especialmente com a galera mais jovem, em particular as meninas, que encontram em sua arte um espaço de identificação e acolhimento.
Ao vivo, então, esse novo posicionamento da Lorde adulta pode ser visto no bombado show-surpresa que ela fez no Glastonbury Festival, há poucos meses.
Lógico, no show, principalmente num festival como o Lolla, há o espaço para seus grandes hinos indies, embalados por arranjos densos, camadas eletrônicas e uma presença de palco magnética que a gente já conhece.
Mas, acima de tudo, a nova visita de Lorde ao Brasil nos dá a oportunidade de ver uma artista cada vez mais madura, autoconfiante e sabedora dos seus limites, disposta a compartilhar com o público suas verdades mais doídas e profundas, mas de um jeitinho bonito. Ou de um jeito bonitinho, como você achar que caiba.
Quem disse que a turminha do hyper-pop liderado pela Charli XCX não está representada no Lolla 2026? Ainda mais, no caso do “devasso” The Dare, um hyper-pop barulhentíssimo, desses de botar paredes de caixas Marshall no palco.
Um dos shows mais queridinhos do último Coachella, amiguinho ainda da Billie Eilish, o rapaz de Nova York (embora da Califórnia) não faz concessões. E também parece não lavar seu cabelo escorrido ensebado tipo Strokes nem os terninhos que usa em shows e fotos.
Esse jeitão todo faz de The Dare, ainda, o responsável por atrair os novinhos para essa onda boa saudosista do indie sleaze, por tudo o que é envolvido.
Se o Dare não fizer um desses sideshows explosivos/festinha fora do Lolla, tipo no Cine Joia ou ainda na Zig, vai ser mancada.
Você até pode achar que os atributos musicais da californiana novinha Addison Rae, 24, vêm depois de influencer de Tik Tok, atriz de comedinhas românticas da Netflix e tal. Mas o que a traz ao Lolla-BR, e isso deve ser valorizado muito, é o ótimo disco de estreia que ela lançou não tem dois meses, o “Addison”.
Ela começa mesmo uma potente turnê americana e europeia só dela por agora, depois de experimentar um Wembley Stadium há poucos meses abrindo para sua “madrinha”, a Lana del Rey.
É exatamente de Lana que ela parece buscar inspiração. É pop? É. Mas é diferente. Tem certa viagenzinha, tem um certo sofrimento de quem não quer ser considerada “perfeitinha”, tem uma certa dor.
No show dela no Lolla, abstraia as “meninas que gritam” e você deve ter um ótimo show de Addison Rae.
A suecada dos Viagra Boys nos devem essa. Depois de cancelarem a participação deles em 2022 no primeiro Primavera Sound que rolou no Brasil, no Anhembi, a banda do overtatuado Sebastian Murphy está confirmada no Lollão 2026. E que venham mesmo desta vez!
Até porque, tem um lado bom na “dívida” que eles têm de nos pagar. O Viagra Boys chegaria no Brasil em 2026 com o show do que está sendo considerado seu melhor disco, o quarto deles, que foi lançado em junho deste ano. De nome genial, achamos: “Viagr Aboys”.
A pancadaria art-punk está toda nele, mas talvez agora mais bem, digamos, trabalhada.
A gente já teve oportunidade de ver umas três vezes o Viagra Boys por aí e atestamos. Não tem show ruim deles. Ainda mais incrementando o setlist com o “melhor dos álbuns”. Só vamos, claro!
Ou ame-a ou deixe-a. A bagunçada garota britânica Lola Young, o furacão do ano passado graças ao single “Messy”, é a Lilly Allen destes tempos com uma verdade Amy Winehouse no jeito de se expor, na letra e nos palcos, já que é para afundarmos em referências.
Pop ou indie pop que arrisca até em um R&B com a intensidade que só os ingleses conseguem botar, ela tem só 24 anos e chora nos shows. De verdade. Ela não aguenta. E seu público chora junto.
Lola Young é bem mais que “Messy”, como pudemos ter um gostinho ao vê-la recentemente na comovente apresentação da moça no festival Paredes de Coura, em Portugal.
Lola é true. Lola no Lolla.
Bom, a parte “combustão louca” do Lolla 2026 está aqui. Vai de bota.
Embooooooooora, tem o fato de o Turnstile (foto na home) ter entrado até numa fase mais “mellow”, graças ao quarto álbum que lançaram há três meses, o “Never Enough”.
Mas não se engane. Galera de Baltimore que fez o que fez no mesmo Lolla em 2022 e quase fez o Cine Joia fechar para reformas estruturais depois que se apresentaram à parte na Liberdade não vai dar mole.
Naquele ano eles vieram substituindo outros malucos, os neozelandeses do King Gizzard. Agora devem ser colocados num daqueles slots gostosos de começo de noite. Vai dar medo, mas vai dar bom.
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* Texto: Lúcio Ribeiro, Alisson Guimarães, Alexandre Gliv Zampieri, Vinicius Dota.
** Abaixo, o pôster com todas as atrações do Lolla-BR 2026