Oasis no Brasil em 2026? Ou como um tênis encardido cativou Liam Gallagher no Rio

Se a roda musical girar como ela tem sempre girado, a ressuscitada banda Oasis deve trazer suas confusões e seus marcantes clássicos ao Brasil em 2026, com uma chance de ser 2027. Pode escrever e depois me cobrar. E, claro, levando sempre em consideração o conhecido humor dos irmãos Gallagher. Não em fazer shows, mas um com o outro.

A coisa funciona mais ou menos assim: com a primeira parte da turnê gigante de 14 concertos pelo Reino Unido (mais Irlanda) anunciada, Noel e Liam devem passar juntinhos ainda em 2025 por alguns estádios americanos. Dizem até que tem um show único programado para a Cidade do México, no ano que vem.

A etapa “festivais de verão” na Europa deve ser a partir do Glastonbury 2026, geralmente em junho. Alguns concertos talvez antes, outros com certeza depois.

Aí nossa chance começa.

Porque então, no final de 2026, ou eles se mandam para a Ásia e seu volumoso número de fãs musicais, ou vem passar uns dias aqui na América do Sul, no considerável ($$) mercado brasileiro para bandas internacionais.

Como o Oasis é um “artista Live Nation”, com contratos de atuação sob a responsabilidade da poderosa agência global de shows, a banda que liderou o britpop nos anos 90 pode vir parar num Rock in Rio por aqui. Ou Morumbis, no plural mais porque não deve ser “apenas” um show no estádio do São Paulo FC. O Morumbi fechou recentemente um novo acordo de shows com a… Live Nation.

Se assim for ou se a banda resolver vir em setembro de 2025 mesmo no mastodôntico festival The Town via Live Nation (difícil) ou só em 2027 (se a banda durar até lá”), seria essa a quinta visita dos Gallaghers juntos no país.

A primeira foi com dois shows em 1998, Anhembi em São Paulo e ATL Hall no Rio. A última vez que pintaram por aqui foi em 2009, com quatro apresentações: Rio, SP, Curitiba e Porto Alegre.

E as duas passagens do meio do Oasis pelo Brasil foram especiais além da conta.

Em 2006 foi o dia do “dilúvio” na apresentação única que o Oasis fez em São Paulo naquele ano, no descoberto estacionamento do Credicard Hall (hoje Vibra São Paulo).

A banda ficou com tanto dó no público paulistano encharcado que tocaram o hino “Supersonic” especialmente para as pessoas molhadas. como compensação. “Supersonic” andava fora dos setlists daquela turnê e veio de presente para a galera.

O show de 2001 bom de mais. Aconteceu no colossal Rock in Rio daquele ano (com REM, Neil Young, Foo Fighters, Red Hot Chili Peppers e grande elenco).

Eu participava da cobertura da “Folha de S.Paulo” no festival e naquele dia (ou foi no dia anterior…) fui incubido de estar na coletiva de imprensa que iria acontecer em um hotel do Rio, com mr. Noel Gallagher envolvido.

Num certo momento, quando Noel já tinha falado o que tinha que falar e desaparecido da sala, enquanto outros artistas do festival estavam ao microfone, me avisaram na miúda que o Oasis inteiro estava à beira da piscina do hotel, na cobertura.

Guardei o “bloquinho de reportagem” da “Folha” e a caneta, despistei um segurança e me enfiei num elevador, tal qual um hóspede. Estávamos eu e o fotógrafo Gabriel Gaiarsa, do “Folhateen”, que tava no Rio no “mutirão Rock in Rio”. Gabriel guardou a camera pro na bolsa.

Chegamos à piscina. Estava o Oasis inteiro lá, pegando um sol, com roupas “normais” (sem trajes de banho), no máximo um calção.

Me aproximei para um “papo de fã”, sem caráter de entrevista, para não ser expulso do lugar. Puxei uma conversa sobre o Rock in Rio e os Gallaghers meio respondendo, meio não dando a menor bola para mim. Até que o Liam olha para os meus pés. E não tira mais o olho.
 
Foi quando ele interrompeu minha conversinha e perguntou onde eu descolei o meu calçado. No caso um tênis Adidas futebol de salão preto e branco, fuleiro, que eu levei exatamente para ralar no festival. Pensava mesmo até em jogá-lo fora quando tudo acabar.

Eu respondi que comprei aqui mesmo no país, que talvez aquele modelo não existisse na Inglaterra nem nos EUA porque é de futebol de salão, um esporte na época (talvez até hoje) tipicamente brasileiro.

Continuei tentando arrancar coisas sobre o show, tinha um texto para escrever. E quando o Noel abriu a boca para entregar algo bom para a minha “reportagem”, Liam chamou a atenção do irmão para comentar: “Você viu o modelo do tênis dele?”

Aquele papo não foi para a frente e então pedi, pelo menos, para tirar uma foto deles, com uma câmera simples daqueles tempos, daquelas com cartão de memória.

No meu hotel, depois, fui ver que a foto do Noel saiu qualquer nota. Mas a do Liam, por uma conjuntura que só o Rio de Janeiro proporciona, saiu estupenda, com o mais novo dos Gallagher fazendo pose de rock star, cigarro na boca, camiseta regata branca e a pele já vermelhaça de Sol, com o Pão de Açúcar e o mar atrás dele.

A imagem acabou virando um pôster no semanário inglês “New Musical Express” (viu lá em cima?) e eu acabei faturando umas libras por causa disso. E, não! Não deixei o tênis “diferente” para o Liam Gallagher.

As fotos saíram assim, na “Folha” da época.

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