O que achamos dos novos discos de Lana Del Rey, Depeche Mode e M83. Com estrelinhas (!)

Nem com o tumulto doido do Lolla dos últimos dias nos fez deixar de notar que saíram alguns discos beeeeeeem importantes na sexta-feira passada. Toma aqui então nossas primeiras avaliações dos novos trabalhos de Depeche Mode, Lana Del Rey e M83. Até botamos estrelinhas nas nossas notas (avaliações de 0 a 5).

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Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd
LANA DEL REY

O nono disco da Lana Del Rey é o quarto que a musa californiana lança em um período de apenas cinco anos. Em 2019, a cantora nos deu “Norman Fucking Rockwell”, sua primeira colaboração com o produtor Jack Antonoff, e o disco foi logo reconhecido pelos fãs e críticos como o melhor dela – pelos não-fãs, foi visto apenas como o “mais tolerável”. A parceria marcou o início de uma fase excepcionalmente produtiva para Lana, mas não necessariamente criativa. Ela tem lançado muita coisa, é verdade, mas a qualidade deste material pós-“Normal Fucking Rockwell” está longe de ser excepcional. Os dois discos que vieram em 2021, “Chemtrails over the Country Club” e “Blue Banisters” pouco fizeram para ampliar ou explorar novas possibilidades com o som da cantora, ficando bem aquém de “NFR”. Agora, com o irritantemente intitulado Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd”, parece que acontece um verdadeiro retrocesso. É o disco mais melancólico de Lana até agora, o que não seria ruim por si só, mas a lentidão e a atmosfera lúgubre que permeia a maioria das faixas chega a ficar incômoda de tão repetitiva. As músicas têm uma produção bonita, mas chata, focando mais na voz e nas letras de Lana. Em pouquíssimos casos surge algo interessante, como no single “A&W”, que remete a um som de hip-hop, em vez de música para tocar em velório ou vídeo de casamento. Para piorar a situação, “Chemtrails over the Country Club” e “Blue Banisters” têm uma duração tão infeliz quanto seu título: 16 faixas; quase 1h20 de lamentação. É quase a duração do último disco do Tool.

🌟🌟/5

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Memento Mori
DEPECHE MODE

“Memento Mori” é o décimo-quinto disco de estúdio da veterana banda britânica. E seu primeiro lançado após a morte do integrante Andy Fletcher, em 2022. O ritmo de gravação do grupo reduziu consideravelmente desde o início do século, lançando um trabalho novo a cada quatro ou cinco anos, e nem sempre causando grandes impressões. Os dois discos anteriores, “Delta Machine” (2013) e “Spirit” (2017) não foram ruins, mas também não causaram muita comoção. “Memento Mori” parece ser diferente. Como já exibido na faixa de abertura, “My Cosmos Is Mine”, o Depeche Mode parece revigorado. Como o próprio título do disco indica, “memento mori” é um lembrete da inevitabilidade da morte – não sabemos ao certo como Dave Gahan e Martin Gore (os dois integrantes restantes do grupo) processaram a passagem de seu colega, mas parece que a criatividade do agora duo foi renovada. Diversas músicas do álbum se destacam, como o single “Ghosts Again”, a bela “Soul with Me” (com Martin Gore no vocal) e a faixa de encerramento, “Speak to Me”. No geral, tem um som um pouco mais imediato e menos polido que o dos trabalhos anteriores, e isso funciona a seu favor. Em alguns momentos, as batidas até lembram os tempos áureos do Depeche Mode do fim dos anos 80. Como já andam declarando por aí, talvez seja o melhor disco do grupo desde Playing the Angel (2005), ou desde o clássico Violator (1990).

🌟🌟🌟🌟/5

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Fantasy
M83

O novo disco do grupo francês de eletrônica cool foge um pouco do comum e entrega um som mais psicodélico. A instrumentação é mais orgânica que em trabalhos anteriores, já surpreendendo com o violão na faixa de abertura, “Water Deep”. É claro que os sintetizadores dominam o som, como geralmente acontece com o M83, mas “Fantasy” não segue o caminho mais acessível de muitos dos trabalhos da banda, que hoje se encontra baseada em Los Angeles. Neste “Fantasy” ela geralmente foge sonoramente para algo mais introspectivo – o single “Amnesia” sendo uma notável exceção aqui, com sua batida acelerada. Este nono trabalho da turma de Anthony Gonzalez ousa e opta por criar uma atmosfera acolhedora, mas sem pressa para gerar qualquer coisa que se assemelhe ao hino pop que “Midnight City” foi em 2011. “Deceiver” e “Kool Nuit” são destaques, com suas passagens instrumentais sendo muito mais interessantes que os trechos com vocais. É mais difícil de digerir que outros discos do M83, mas pode recompensar.

🌟🌟🌟/5

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