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Sempre costumo dizer que futebol é pop. Talvez seja uma das poucas coisas que mexe com o emocional do ser humano como a música. Quem gosta do esporte praticado tanto pelo Neymar quanto pelo João Vitor, viu a história ser escrita ao vivo, ontem, durante a final da Premier League, a primeira divisão do futebol inglês, considerado o campeonato nacional mais bem organizado e atrativo do mundo.
Na disputa do título, City e United, as duas equipes de Manchester. Ao United, multi-campeão, era necessário vencer sua partida contra o Sunderland fora de casa e torcer para um tropeço do City, espécie de patinho feio da cidade, há mais de 40 anos na fila, e até então conhecido especialmente por ser o time de Liam e Noel Gallagher, os irmãos encrenqueiros do Oasis. E dos caras do James. E do Badly Drawn Boy.
Os dois Gallaghers, que sempre costumam ir ao estádio acompanhar o time, viram a heróica vitória do City (com gols aos 46 e 49 do segundo tempo, em virada espetacular sobre o Queens Park Rangers – 3 a 2) bem longe um do outro. Enquanto Liam estava no estádio e era constantemente flagrado pelas câmeras durante a transmissão da partida, Noel Gallagher finalizava sua turnê aqui pela América do Sul, no Chile.
Esta mesma turnê que passou pelo Brasil recentemente. A que me levou a entrevistar o músico para a Folha. Num momento em que o City deixava o United escapar na liderança, semanas atrás. E que me levou a fazer, no começo da entrevista, a pergunta: “Já era para o City?”. Noel respondeu: “Nem me fale. O United já levou este. Agora, para nós, quem sabe no próximo ano”. Ele realmente estava abatido, mudou o tom de voz na entrevista, estava sendo sincero.
Semanas depois da entrevista, já no Brasil para os shows, em entrevista coletiva em São Paulo, Noel já esperava que o maior momento futebolístico da sua vida aconteceria com ele longe. “Amo a América do Sul, mas é irritante saber que sairei daqui apenas um dia depois da final do campeonato. Se eu soubesse que para o City ser campeão bastaria acabar com o Oasis, já teria feito isso há 15 anos”, declarou.
Dito e feito. Enquanto o City escrevia uma página incrível na história do futebol em Manchester, Noel estava assistindo o jogo em um bar em Santiago, no Chile. “Pouco antes de Dzeko fazer o segundo gol, eu pensei: tem que ser agora. Depois o que se viu foi uma sucessão de palavrões. Após o gol de Aguero, um amigo meu tentou tirar a TV da parede. Juro que chorei feito uma criança. Foi incrível”, confessou o casca grossa Noel, como você pode conferir em viva voz.
Bem longe dali, em Manchester, Liam acompanhou o jogo em seu camarote. Jogou champagne nos fotógrafos, festejou com os “torcedores comuns”, tietou os jogadores, foi para o twitter zoar o técnico do United e afins.
Agora só falta eles cumprirem a promessa e fazer o Oasis retornar para o “Show do Título”.
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