Kneecap contra o mundo, capítulo 75: governo da Hungria bane grupo irlandês no país, onde se apresentaria no Sziget Festival

Kneecap contra o mundo, capítulo 75: governo da Hungria bane grupo irlandês no país, onde se apresentaria no Sziget Festival Foto: divulgação

O encasquetado e necessário grupo de rap irlandês Kneecap enfrentou mais uma barreira e foi oficialmente banido da Hungria por um período de três anos, anunciou o porta-voz do governo local, Zoltan Kovacs, nesta quarta-feira, 24. Segundo Kovacs, os artistas teriam feito “discursos de ódio antissemitas” e demonstrado apoio a “grupos terroristas”, o que configuraria, segundo ele, uma ameaça à segurança nacional do país.

A decisão gerou forte repercussão nas redes sociais, especialmente entre os fãs que esperavam ver o grupo no tradicional Sziget Festival, em Budapeste, onde o Kneecap estava escalado para se apresentar no dia 11 de agosto.

Em comunicado divulgado em suas redes, os integrantes do Kneecap classificaram o banimento como uma medida sem respaldo legal e politicamente motivada. “Nenhum membro do Kneecap foi condenado por qualquer crime, em nenhum país”, escreveram. A banda ainda aproveitou para criticar o primeiro-ministro da Hungria, o ultra conservador Viktor Orbán, pela recepção recente ao premiê israelense Benjamin Netanyahu, em plena escalada de tensão no Oriente Médio.

“Nós nos posicionamos contra todos os crimes de ódio. O Kneecap defende o amor, a solidariedade e a justiça”, diz a nota. Para eles, o banimento representa “uma tentativa de silenciar quem denuncia o genocídio do povo palestino”.

A organização do Sziget Festival também se posicionou, classificando o ato do governo húngaro como “sem precedentes” e “lamentável”. Os representantes do festival afirmaram ter dialogado com o grupo e recebido garantias de que a apresentação respeitaria tanto os valores do evento quanto a legislação húngara.

“Condenamos o discurso de ódio, mas também defendemos o direito fundamental à liberdade de expressão artística”, afirmou o festival em nota oficial. “A cultura do cancelamento e os boicotes culturais não são o caminho.”

O Kneecap vem sendo alvo de polêmicas e censuras nos últimos meses. Em Londres, Mo Chara, um dos integrantes do grupo, foi acusado de um crime relacionado ao terrorismo por supostamente exibir a bandeira do Hezbollah durante uma apresentação. Ele foi liberado sob fiança e o grupo reiterou que não apoia o Hezbollah nem o Hamas.

Por conta desse episódio, o grupo foi retirado da programação do festival escocês TRNSMT, após recomendações da polícia local. Também houve investigação após o show no Glastonbury, mas nenhuma acusação formal foi feita.

Em maio, após algumas manifestações pró-Palestina feitas no show do Coachella, na Califórnia, o Kneecap teve uma turnê de cinco datas na Alemanha cancelada pelos organizadores, que interpretaram os posicionamentos do grupo como “discursos de ódio”.

Abaixo, um show recente do Kneecap na Holanda, que a Hungria não verá…

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