Iron Maiden fez seu 41º show no Brasil. Estivemos em Curitiba para contar como foi. Semana inclui Ribeirão, (Rock in) Rio e SP

Neste sábado (27), o Iron Maiden iniciou mais uma passagem pelo Brasil, com um show em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski. No total, foi a 41ª apresentação da banda no país, desde 1985, quando apareceram no Rock In Rio daquele ano. Afinal de contas, após tantos retornos, discos e anos de carreira, ainda há motivos para ver o Maiden ao vivo? Como foi comprovado ontem em Curitiba, sim, há. 

A banda retornou à América do Sul com a mesma turnê que trouxe em 2019, “Legacy of the Beast”, porém desta vez reforçada por seu disco novo, “Senjutsu”, que saiu no ano passado. O setlist abriu com três músicas desse álbum, e provavelmente foram as três mais mornas da noite inteira, mesmo com o Eddie samurai andando pelo palco com uma espada gigante. Podemos dizer que o show começou de verdade com “Revelations”, do disco “Piece of Mind” (1983), a quarta do setlist, obviamente mais reconhecida pela plateia. O clima mudou. Nenhuma outra música do trabalho mais recente apareceria para (inevitavelmente) diminuir a empolgação. 

O setlist foi previsível, mas manteve um alto nível de qualidade durante quase duas horas. A banda acerta ao focar nos seus trabalhos mais clássicos, e até fez a decisão corajosa de omitir “2 Minutes to Midnight”, já bem manjada a esta altura, e que acabou não fazendo falta.

Felizmente, “Flight of Icarus” continua presente, e traz uma combinação absolutamente perfeita de música e efeitos visuais no palco – é o ápice do show, e a plateia fica visivelmente sem reação durante ela.

A única crítica ao setlist: no meio de 15 músicas, é realmente necessário representar a fase do vocalista Blaze Bailey com duas, as quais totalizam 20 minutos de duração? Pode ser que “Sign of the Cross” fique legal ao vivo com toda sua teatralidade, mas precisam mesmo incluir “The Clansman”? Quando levamos em conta que nenhuma música de “Seventh Son of a Seventh Son” ou “Killers” foi incluída, a escolha parece duvidosa, mas acaba ficando pequena em um show que é, na maior parte, excelente. 

E nenhuma escolha de setlist valeria a pena se a banda não fizesse jus ao material. Com qualquer grupo na faixa etária 65+, a peça mais essencial é o vocalista, e sua capacidade de manter a voz em forma. Felizmente, Bruce Dickinson está com a voz maravilhosa, e conduziu a apresentação toda sem problema algum. O restante da banda merece todo o crédito do mundo por tocar tão bem quanto se esperaria deles, mas Bruce realmente se destaca, e é quase um alívio saber que seu vocal continua tão bom. 

Os efeitos especiais no palco também fizeram jus à reputação de que o Iron Maiden tem de cuidar tanto do som quanto do visual. Minha sugestão para qualquer pessoa que pretende assistir ao show é evitar ver vídeos das apresentações anteriores, e se surpreender ao vivo. De qualquer forma, tentar descrever em texto pareceria bobo, e apenas reduziria a magnitude do espetáculo. 

Dos quatro shows que o Iron Maiden agendou no Brasil para 2022, o de Curitiba foi o único (até agora) com ingressos esgotados – aliás, se esgotaram em 24h -, demonstrando que a Pedreira Paulo Leminski é grande, mas não é um estádio. Fica aqui a recomendação para qualquer pessoa que tenha um mínimo interesse em ver um show de rock visualmente espetacular e com repertório fantástico: vá e assista, enquanto ainda estão por aqui, e tocando tão bem.

O Iron Maiden se apresenta amanhã em Ribeirão Preto, sexta agora dia 2 no Rock in Rio e no domingão em São Paulo, no Morumbi. 


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* Por Fernando Scoczinsky Filho, em Curitiba

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Postado por Lúcio Ribeiro   dia 29/08/2022
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