CENA – Tim Bernardes vai ao samba e lança single duplo de “surpresa”

Um dos herdeiros aparentes da música popular brasileira, o artista paulistano Tim Bernardes lança nesta terça-feira um single duplo com as suas versões de “Prudência”, composição sua gravada originalmente por Maria Bethânia em seu álbum “Noturno” (2021), e “Praga”, que escreveu com Erasmo Carlos para o álbum “O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim”, (2022) de Alaíde Costa. 

Este é seu primeiro lançamento (não participações em músicas de outros artistas, como na do Badbadnotgood) desde seu segundo álbum solo, “Mil Coisas Invisíveis” em 2022. E também desde o fim de sua banda, O Terno, que encerrou seu ciclo de mais de 10 anos com uma turnê pelo Brasil, Japão, Portugal e EUA, no ano passado. 

Para marcar esse período entressafra, Bernardes escolheu duas composições suas já lançadas para um vinil compacto, como se fazia nos tempos dos Beatles, seus ídolos. O disco de 8 polegadas sai em parceria com o Coala Records e a pré-venda começa na próxima terça-feira, 6 de maio. 

A sua versão de “Prudência” já era conhecida por aqueles que frequentam seus shows solo. E, ao interpretar a canção, Tim escolheu usar seus potentes vocais com uma levada mais simples no violão, evidenciando a forte narrativa da música que, como colocou o artista,  conta sobre “essa batalha interna entre o lado passional e o lado controlador na cabeça do ex-boêmio romântico”. 

“O take de “Prudência” veio da despretensão de gravar duas sessões ao vivo da música com o Fred Joseph, usando as câmeras do programa ‘Ensaio’, do grande Fernando Faro”, explicou Bernardes.

Abaixo você confere o vídeo, cuja ideia, segundo Bernardes, é ser um “mindfuck temporal”, como se tivessem achado as fitas perdidas de sua participação no MPB Especial dos anos 1970. Segundo Tim são os “mesmos microfones, mesmas câmeras, aquele zoom, uma viagem no tempo”.

O “lado B” do compacto, “Praga”, é sua primeira colaboração com Erasmo Carlos. Tim também assinaou, depois, a composição da música “Minha Bonita Primavera”, do álbum póstumo do artista carioca, “Erasmo Esteves”, lançado no ano passado.

Esse single novo representa a primeira vez que ouvimos “Praga” na voz de Tim Bernardes. E aqui ele se inspirou em outro de seus ídolos declarados, Lupicínio Rodrigues, para escrever o que definiu como uma “canção venenosa de cabaré samba canção, […] A praga da mulher que largou o bêbado.” Bem Lupiciniana. 

Para sua versão, Bernardes contou com Biel Basile, seu ex-companheiro de banda, nas percussões e bateria. E um coro chiquérrimo composto por Tulipa Ruiz, Maria Beraldo e Luiza Lian, que curiosamente também fazem coro na canção “Bielzinho/Bielzinho”, homenagem de Tim a Biel Basile, no último disco d’O Terno. 

Para Tim Bernardes, tanto “Prudência” e “Praga” unem as suas paixões musicais da adolescência. As versões de Lupicínio Rodrigues na voz de Jamelão com a Orquestra Tabajara que ouviu na sua primeira desilusão amorosa, aos 17 anos, e o rock n’roll de sua cidade natal, São Paulo. 

Ele define os singles como sambas, “mas também é um compacto de rock’n’roll. Cru e ‘from hell’. […] Lupicínio sangrento e direto como um Tarantino e o Nelson Cavaquinho da pesada que nem o Black Sabbath”.

Por aqui ficamos procurando essas referências do rock. Faltou um pouco, talvez, da clássica guitarra com fuzz, que Tim Bernardes domina como poucos, mas talvez esse seja um movimento psicológico para o artista paulistano encerrar esse capítulo mais MPB-música de novela e voltar às suas raízes roqueiras. 

No momento, a sua única oportunidade de ver Tim Bernardes ao vivo no Brasil é indo em seu DJ set de vinil no Popload Gig com The Lemon Twigs, no Cine Joia. Será que ele vai tocar seu próprio compacto?

* A capa do single é de Fred Joseph. A foto que ilustra a chamada para este post na home da Popload é de Biel Basile.

MDE 1 – horizontal miolo página
Circuito – anúncio quadrado interna
Terreno Estranho – horizontal fixo Mark Lanegan