Toda experiência de amor é única, mas a música tem esse poder singular de universalizar até os sentimentos mais particulares. Em uma surpreendente reviravolta após seu último disco, “Um Tijolo com Seu Nome”, a banda mineira Lupe de Lupe lançou há alguns dias pela Balaclava Records uma verdadeira ópera rock sobre o amor, dividida em quatro atos e com 40 minutos encharcados de guitarras e muita dor de cotovelo.
Em “Amor”, seu sétimo álbum de estúdio, Vitor Brauer, Jonathan Tadeu, Gustavo Scholz e Renan Benini entregam uma música cada, todas com mais de 9 minutos de duração, um movimento que vai na contramão de “Um Tijolo Com Seu Nome”, disco anterior lançado em 2023, que trazia 24 faixas curtas e intensas. Essa mudança de rota é a essência da Lupe de Lupe: uma banda inquieta, que não se dobra às regras do mercado e faz questão de sempre surpreender seu público.
O álbum abre com “Vermelho (Seus Olhos Brilhando Violentamente Sob os Meus)”, composição de Jonathan Tadeu, com linhas de baixo tão profundas quanto suas letras. É sobre o fim do relacionamento, aquele momento em que a realidade se impõe e, como canta Jonathan, um dia vamos acordar e perceber que esquecemos quem um dia amamos. Uma experiência única e, ao mesmo tempo, universal.
Em seguida, Vitor Brauer surge com seu lirismo cortante em “Se Nosso Nome Fosse um Verbo (Canibalismo Como Forma de Amor)”. Com guitarras pesadas, Brauer canta, resignado, verdades que ninguém quer ouvir, mas todo mundo precisa: que o “amor foi feito para acabar” e outras fatalidades das desilusões românticas. É mais uma música de término perfeita da Lupe de Lupe.
A faixa mais “tranquila” do álbum, “Uma Bruta Realidade (O Nosso Jatobá)”, de Gustavo Scholz, traz essa bruta realidade do nome embalada em guitarras distorcidas ao limite. Quase na metade da música surge uma abertura de vozes que ecoa as letras, criando um respiro inesperado em meio ao caos. Até no sofrimento amoroso, existem pausas que lembram os inícios. Logo depois, um potente solo de bateria e um descarrego na guitarra retomam a tempestade sonora.
Para encerrar, o single “Redenção (Três Gatos e um Cachorro)”, de Renan Benini, chega com violinos quase irreconhecíveis de Felipe Pacheco Ventura. Aqui, a redenção amorosa não é fácil nem suave: vem como uma enxurrada de energia que dá vontade de dançar para esquecer todas as desilusões, imaginando como seria a vida com o final feliz mais simples, “eu, você, três gatos e um cachorro”.
E a chance de sentir essa “catarse Lupe de Lupe” ao vivo já chegou: junto com o lançamento do disco, a banda cai novamente na estrada com uma turnê nacional a partir do final do mês, com várias datas já esgotadas. Você pode conferir a tour abaixo, com mais informações no site oficial da banda.
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* As fotos deste post e da chamada na home são de Clarquê.