CENA – Fresno indie? Para além do emo, banda quer dialogar mais com a cena atual da música brasileira e com o… post-rock

CENA – Fresno indie? Para além do emo, banda quer dialogar mais com a cena atual da música brasileira e com o… post-rock Foto: divulgação

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* Por esta você não esperava. Em pleno feriado, ainda por cima. Vinicius Felix conta tudo sobre o disco adulto da Fresno, que agora é indie. Mas não se perca nos conceitos. Deixa a gente explicar.

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Parte da última geração de bandas de rock nacional que puderam ir do independente até o mainstream real, a Fresno é das poucas bandas de sua geração que saiu viva do outro lado do “moedor de sonhos” da indústria, para ficar em uma já famosa expressão do vocalista Lucas Silveira em uma reflexão emocionada sobre as pressões que enfrentou na carreira.

O grupo, um dos artífices brasileiro do malfadado emocore, se fez como banda em uma época das mais confusas para a indústria musical. Ao mesmo tempo que ainda fazia sentido desejar ir do independente/underground até o mainstream, a internet engatinhava como possibilidade de publicação e divulgação, de vida (quase) própria. Lembra a Trama Virtual? A Fresno reinou por lá. Não foi só o Cansei de Ser Sexy que aconteceu por ali.

Mas, antes de qualquer ideia de midstream ou de tantos outros caminhos que surgem hoje para artistas que bombam primeiro (e onde mais?) na internet, eles foram para uma gravadora, foram trabalhar com o produtor das maiores bandas de rock do mainstream brasileiro, bombaram e realizaram o sonho. Aproveitaram e apanharam com o melhor e o pior desse universo. Pressão artística, pressão do mercado e pouca liberdade. Precisaram pagar para voltar a independência, mas dessa vez munidos de mais recursos, mais experiência e da ideia de que a banda poderia ser a gravadora, loja, produtora e tudo mais de si mesma.

Essa mudança coincide com o início de um amadurecimento musical e temático que aconteceu gradualmente e que em “Sua Alegria Foi Cancelada”, oitavo álbum da banda e o terceiro da segunda fase independente do grupo, está bem estampada.

Gravado no estúdio do próprio Lucas, que também é o produtor do disco (Lucas também cresceu!), o álbum foi sendo composto enquanto era registrado. Em outras palavras, pela primeira vez a banda não ensaiou as músicas antes de entrar em estúdio já que gravava a medida que cada ideia era criada.

Para quem se lembra da banda focada em muitas guitarras, o centro agora é mais a plástica do som, nas palavras de Lucas. Ficam de lado ideias mais sinfônicas e grandiosas (inclusive nas letras) para que respirem ambiências, acidentes musicais, ruídos e chiados. Menos cara de banda de rock em um disco ainda assim feito com o trabalho de todos os integrantes atuais – além de Lucas, fazem parte da Fresno o guitarrista Vavo, o tecladista Mário Camelo e o baterista Thiago Guerra.

O título do álbum entrega bastante os temas abordados em todas as músicas. O fim do mundo agora não é a tristeza de um fim de relacionamento ou de frustrações amorosas. O fim do mundo agora é literal. E entre questões do universo estão os dramas da vida adulta, indo de filhos a filmes inacabados, de madrugadas insones a lidar com caos pessoal em um mundo hiperconectado.

Em um disco que tem participações de Tuyo (“Cada Acidente”) e Jade Baraldo (“Sua Alegria Foi Cancelada”), a Fresno na verdade segue emo no sentido de acompanhar tudo que o termo pode englobar hoje e por isso soa tão diferente de antes ao se aproximar mais do post-rock, da música pop triste contemporânea e de nomes da cena atual brasileira. Pensa aí em O Terno, Terno Rei, Raça – bandas que Lucas lista entre influências recentes, além de nomes gringos como Radiohead, Mogwai e Explosions In The Sky. Mais indie do que nunca? Capaz de agradar quem não tolerou a banda até hoje? Questões que ficam no ar.

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Postado por Lucio Ribeiro   dia 08/07/2019
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