CENA – Em “Assaltos e Batidas”, FBC volta “à Terra”, pesa no rap e convoca à luta

No sétimo disco da carreira, o artista resgata o rap do anos 90, ao mesmo tempo que se reafirma como protagonista do atual hip-hop brasileiro. Depois de revitalizar o funk carioca dos anos 80 e imaginar o amor nos levando a outros planetas, FBC volta à terra e a MG para centrar fogo com rap raiz.

No último dia 6 foi lançado o “Assaltos e Batidas”, sexto disco do rapper mineiro FBC. Com 11 faixas inéditas e produção de músicos parceiros como Coyote Beatz, Pepito, DJ Cost e Nathan Morais, o álbum novo se destaca pela atmosfera explicitamente política, com letras que fazem críticas diretas ao sistema capitalista, acompanhadas por batidas intensas no melhor estilo boombap, incorporando bem uma estética dos anos 90.

O rapper e cantor FBC, em foto de Wanderley Vieira

Mais do que um disco, “Assaltos e Batidas” é uma obra completa que conta sua história em diferentes suportes e formatos artísticos, tendo, inclusive, um curta-metragem, intitulado “Assaltos e Batidas – O Curta”, roteirizado pelo próprio FBC. No vídeo, o “Padrim” observa a vida de dois jovens moradores da favela Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte, que têm suas vidas completamente modificadas ao se envolverem com o tráfico de drogas. “Os boy usa, mas só nós que morre… Será que vale a pena?” – discute um dos personagens no início do filme.

Além do curta, que ilustra cada uma das faixas do disco, a capa também não passa despercebida e faz referências muito diretas a vários símbolos políticos, como o livro “Minimanual do Guerrilheiro Urbano” (1969), do político e guerrilheiro comunista Carlos Marighella, a ilustração “América Invertida”, do artista Joaquín Torres García, além de um desenho de uma viatura em chamas com o escrito “polícia assassina”, tudo isso em preto e branco no estilo de uma HQ, reforçando a ideia da força da narrativa e do discurso.

Capa de “Assaltos e Batidas”, novo disco do FBC

Para contar essa história, FBC resgata uma estética que remete à CENA do hip hop nos anos 1990, mais especificamente o subgênero do boombap, originário da West Coast dos Estados Unidos. Essa influência é observada nos beats, que destacam o bumbo e a caixa, no flow agressivo e no próprio uso dos samples, que se encaixam em cada canção (tem sample dos Racionais, do próprio Carlos Marighella, do BaianaSystem e de filmes como “Os Doze Macacos” e “Rede de Intrigas”).

E, apesar das influências de décadas passadas, dos samples, aos flows, aos filmes e ilustrações, “Assaltos e Batidas” não tinha como ser mais atual: o álbum grita as desigualdades do mundo, que a rotina tenta, a todo momento, convencer de que são naturais. 

E, em meio à forte onda do trap no mundo do rap, FBC retorna às origens do hip hop mesclando o clássico com o atual e mostrando, sobretudo, que neste disco ele fez o que bem queria fazer!

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Postado por Lúcio Ribeiro   dia 16/06/2025
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Terreno Estranho – horizontal fixo Mark Lanegan