CENA – A doce e molhada maravilha do festival carioca do final de semana

No fim de semana passado aconteceu a primeira edição do festival Doce Maravilha, na Marina da Glória, no Rio.

Com shows como Caetano marcando os 50 anos do lançamento do álbum “Transa”, com a participação de Jards Macalé; Marcelo D2 mandando ao vivo o “A Procura da Batida Perfeita” inteiro; Gilberto Gil com BaianaSystem; Michael Sullivan cantando Tim Maia e Xuxa. Escalação boa para servir de homenagem à música brasileira antigona e até a mais recente.

Porém o festival foi castigado devido às más condições climáticas que marcaram pesado ambos os dias. No sábado, com um forte vendaval que afetou parte das estruturas do local, e domingo com uma sucessão de eventos ruins por causa da chuva, o que incluiu atrasos, trocas de horário, demora na comunicação, troca de palco, lamaçal, confusão na saída…

Muitos fãs desistiram e outros enfrentaram uma verdadeira prova de resistência após horas em pé embaixo de uma chuva incessante para ver o aguardado show de Caetano Veloso.

Marcamos presença por lá e o Doce Maravilha foi mais ou menos assim…

** SÁBADO

ADRIANA CALCANHOTO & RODRIGO AMARANTE

No entardecer de sábado, Adriana Calcanhotto + Rodrigo Amarante formaram a perfeita conexão do BRock 00’s do ex-Los Hermanos com a cantora gaúcha. No repertório teve espaço para tudo: canções solo dos dois artistas, Little Joy, Los Hermanos e covers. Saldo final: show muito mais animado e participativo do que o esperado, com tons de karaokê coletivo com especiais comoções para “O Vento”, do Los Hermanos, “Tuyo”, do cantor e trilha da série Narcos, “Esquadros” e “Cariocas” da cantora.

Foto: Leo Aversa (divulgação)

GIL BAIANA (Gilberto Gil + BaianaSystem)

Foi, no mínimo, especial o encontro da gigantesca BaianaSystem com a lenda viva Gilberto Gil. Em uma noite de encontros, o Gilbaiana deu bastante conta do recado, fazendo jus ao disco “Gil Baiana ao Vivo em Salvador” (2000). A ponto de literalmente levantar poeira do chão ali na Marina pré-chuva. Hits do disco não faltaram, como “Is This Love”, de Bob Marley, “Nos Barracos da Cidade”, de Gil, e “Água”, do Baiana.

Foto: Leo Aversa (divulgação)

FURACÃO 2000

Quem disse que você nunca ia ouvir funk aqui na Popload? Nossa experiência carioca jamais estaria completa. E haveria escolha melhor para encerrar os trabalhos da primeira noite de festival do que a lendária produtora e gravadora carioca Furacão 2000? O after da pistinha, comandado por Rômulo Costa e Priscila Nocetti, botaram os (muitos) remanescentes da noite para descer até o chão, o chão, o chão madrugada adentro na Marina da Glória. Hinos do funk carioca e que moram na memória afetiva do público não faltaram, como “Atoladinha”, do Bola de Fogo, “De Segunda a Sexta”, de Jonathan Costa, “Cerol na Mão”, do Bonde do Tigrão, e “Fala Mal de Mim”, da MC Beyonce (primeiro nome artístico de Ludmilla).

Foto: Felipe Gomes (divulgação)

** DOMINGO

ORQUESTRA IMPERIAL toca RITA LEE

O swing da Orquestra Imperial, banda formada por figurinhas carimbadas como Moreno Veloso, Rodrigo Amarante e Pedro Sá, entre outros, botou todo mundo para dançar debaixo da já famosa chuva torrencial do domingo, no festival carioca. Nina Becker, Kassin, Emanuelle Araújo e cia. fizeram uma noite de homenagem à saudosa Rita Lee, entoando clássicos cantados em uníssono pela plateia, como “Lança Perfume”, “Baila Comigo”, “Bem Me Quer Mal Me Quer”, entre outros hits.

Foto: Gabriel Siqueira (divulgação)

MARCELO D2 canta A PROCURA DA BATIDA PERFEITA

O show do Marcelo D2 foi assolado por problemas técnicos por conta da chuva que não parava de castigar. Tocando na íntegra seu já clássico álbum “À Procura da Batida Perfeita” (2003), entre outros hits de sua carreira, o rapper esteve no palco com seu filho e também rapper Sain (com quem cantou “Loadeando”), sua esposa e produtora Luiza Machado e sua filha, também cantora, Lourdes Peixoto. O show foi encerrado mais cedo por causa da impraticável quantidade de água que caía, músicos tomando choque, aquele caos em situações assim. Na hora e meia do que rolou, a apresentação foi formidável.

Foto: Gabriel Siqueira (divulgação)

LINIKER & PÉRICLES

Formaram a famosa dupla improvável que deu certo. A sintonia dos dois no palco era nítida e palpável, ora alternando canções da carreira de Liniker, como “Psiu”, ora canções de Péricles, Arlindo Cruz e até uma improvável (e ótima) cover de “Stand by Me”, cantada pelo sambista. Uma grata surpresa neste mundo de festivais assolado por “encontros” em seus line-ups.

Foto: Felipe Gomes (divulgação)

CAETANO VELOSO celebra 50 anos de Transa

Caetano Veloso foi um espetáculo à parte – para o bem e para o mal. O show, que fora marcado pra 20h30, começou 1h da manhã, por tudo o já mencionado. Quando estavam todos a postos no palco onde aconteceria, foi transferido para o outro por questões de segurança, fazendo com que muitos dos 10 mil presentes atravessassem um mar de lama e muita chuva até o novo local. Chegando lá, mais 1h de espera em pé na chuva para que o palco fosse montado. Perrengues diversos à parte, o baiano fez um show memorável, entoando canções de seu clássico disco “Transa” (1972), com uma banda afinadíssima e chamando para o palco três membros originais da gravação, o que incluía Jards Macalé. Também não faltaram outras canções contextualizadas nos períodos pré e pós-Transa, como “London London”, “Irene”, “The Empty Boat” e “Araçá Azul”. Show irretocável.

Foto: Alex Woloch (divulgação)

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