Ainda o Blur, o tal “último show” na Argentina, depois do não-show no Brasil

Vamos falar DE NOVO do Blur? Sim, porque falamos do Chile e porque também estivemos em Buenos Aires, no último domingo. E era o tal do “último show do Blur”, vai que, por isso julgamos importante não tirar a banda de Damon Albarn de vista, ainda que no meio do Primavera Sound São Paulo em que eles NÃO VIERAM.

E o que significa “último show do Blur”? Apenas o último show da turnê que começou com grandiosidade máxima em julho deste ano no estádio de Wembley? Último show de mais um hiato de anos? Não dá para saber, mas Albarn repetia constantemente ao longo da apresentação o tal “El último”.

O cansaço era visível no semblante de Albarn, Graham Coxon e Dave Rowntree. O baixista Alex James ainda parecia mais “inteiro”, digamos assim. Nem por isso o show deixou algo a desejar, pelo contrário. Começando com “The Ballad” seguida de “St. Charles Square” ambas músicas do último álbum “The Ballad of Darren”, deste ano, e passando por clássicos do início da carreira como “Beetlebum”“Advert”. E, lógico, não faltaram hits como “Girls & Boys” e “Song 2”.

Legal dizer que umas horinhas antes, durante o show do Beck (este sim neste domingo do Primavera Sound São Paulo), o líder do Blur foi convidado a tocar “The Valley of the Pagans”, collab entre os dois para o Gorillaz (um dos projetos de Damon Albarn) no disco “Song Machine, Season One”. Delírio total.

Vale destacar aqui ainda que não parece ao acaso a escolha de Buenos Aires ser a parada final desta turnê. Nossos vizinhos são intensos, com tudo: futebol, política… a música não ia ficar de fora.

Há quem diga que as condições do show eram “insalubres” até, mas a verdade é que assistir show na Argentina não é para amadores, e nem para experts despreparados. A ordem geral é: ou você pula ou você pula. O famoso “pogo” é pesado, mas a entrega é inexplicável.

Dito isso, a apresentação foi toda intensa e emocional: o público argentino vibrando absurdamente, Damon Albarn chorando, chamando fãs ao palco…

Rolou também um “ritual de passagem” de uma bandeira que o grupo inglês havia recebido no começo do ano. Eles levaram o presente de volta e ainda prezaram pelas “boas relações” entre o Reino Unido e Argentina, historicamente conturbada.

Outra menina foi chamada na plateia para cantar “To the End”. Outro momento peculiar rolou em “Parklife” quando a letra foi trocada em um momento para “And then I sing the lyrics wrong but I don’t really care, and I might never ever sing them again, who cares!”, algo como “E então eu canto a letra errada, mas realmente não me importo, e posso nunca mais cantá-la, quem se importa!”. Esquisito?

A noite foi linda em muitos aspectos, seja o tempo agradável, o parque maravilhoso, a lua gigante ou apenas uma grande comunhão de gente celebrando velhos e novos clássicos. Essa é uma habilidade que poucos têm, e o Blur definitivamente sabe como fazer. Em um momento o frontman disse que se aquele fosse um “neverending concert” (um show sem fim), ele ficaria feliz, porque estava feliz.

O grand finale com “The Universal” não poderia ser mais lindo.

O que se passa na cabeça destes gênios? Nunca saberemos, mas com certeza este show entrará para a memória da banda.

Para assistir o show completo:

SETLIST:

1.     The Debt Collector (Intro)
2.     The Ballad
3.     St. Charles Square
4.     Popscene
5.     Barbaric
6.     Beetlebum
7.     Trimm Trabb
8.     Goodbye Albert
9.     Coffee & TV
10.  End of a Century
11.  Country House
12.  Parklife
13.  To the End
14.  Out of Time
15.  Advert
16.  Song 2
17.  This Is a Low
18.  Girls & Boys
19.  Tender
20.  The Narcissist
21.  For Tomorrow
22.  The Universal

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