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* Popload em Barcelona. Ainda o Primavera Festival.
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E esse show da PJ Harvey, toda de preto, vestidão todo com cortes e transparências, em Barcelona, hein?!?!?!?!
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A última vez que vimos a musa indie PJ Harvey em ação, foi no Coachella 2011, ela tinha lançado o disco anterior, “Let England Shake”, um álbum tão forte e “de guerra” quanto este novo, de agora, “The Hope Six Demolition Project”. Mas, lá atrás, a crítica era interna, o olhar era para seu umbigo, a Inglaterra. Harvey na época se apresentou de branco, estava na pegada de tocar harpa e o sentido da bronca talvez fosse “só” um alerta, como que se a artista tivesse uma esperança qualquer no ser humano britânico e na merda política e social que estavam causando.
Sábado passado, no festival Primavera Sound, em seu primeiro show para valer, grande, como uma verdadeira estreia em palco desde que lançou seu nono álbum, foi um recado de que é guerra. E mundial. Toda de negro, fazia uns movimentos meio tribais como uma dança, empunhando um saxofone como uma arma (do qual não largou em toda boa primeira parte do show, em que fez um “show do disco novo”). E que lindo que foi.
É um show contemplativo-interpretativo. Forte como ideologia, envolvente e sexy ao mesmo tempo. As músicas do disco crescem uma barbaridade ao vivo. A banda que a acompanha, liderada pelo velho parceiro John Parish e o grande Mick Harvey, que há tempos trabalha com a outra Harvey e unha-e-carne eterno de Nick Cave, é um absurdo. Aquele palco, aquela luz. Era música, mas o conceito de arte era mais largo do que um “mero” concerto.
Daí, quando aquele espetáculo político-musical de PJ Harvey acabou, mostrando as intenções atuais da artista com seu novo álbum, vieram seus hits. Ainda que contaminado pelo cenário do palco de “The Hope Six Demolition Project” e pela atmosfera artisticamente criada, ela foi e cantou a clássica “50ft Queenie”, de 1993, época em que estava aparecendo e aí sim era uma musa indie. Depois, entre outras, com um andamento diferente, lento, mas tão lindo quanto, “To Bring You My Love”, para o show praticamente acabar inesquecível e bem melhor que aquele do Coachella 2011, que esteve longe de ser ruim.
Por fim, veio “River Anacostia”, do disco novo, amarrando tudo, de um jeito vocalizado, gospel, com a plateia vendo PJ Harvey no palco mas já começando a ir embora, feliz, porque o show tinha acabado e aquela era uma trilha de deslocamento.
Puta merda!
* A foto deste post e a da home da Popload saíram no jornal espanhol “El Periódico”.
** A Popload voa pela Europa a convite da KLM e Air France.
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