A saideira. System of a Down se apresenta hoje maior ainda em São Paulo. É o adeus?

O que faz um show ser considerado como ótimo ou acima da média de verdade? Tocar bem ao vivo, com um bom som e uma boa estrutura podem ser considerados como o mínimo.

Um setlist bem elaborado também ajuda muito, mas aqui começamos a entrar na área onde as opiniões acabam sendo relativas.

Um show médio do seu artista preferido sempre vai ser o “show da sua vida”, mesmo que você assista incontáveis outros, tecnicamente mais bem tocados e apresentados com mais empolgação.

O tamanho da sua expectativa alinhado ao quanto você gosta da banda, e até o momento de vida/fase em que vc e o artista se encontram é o que também podem dar o tom e ajudam a medir com precisão essa visão única.

Ainda conta muito o, hoje aparentemente mais em voga do que nunca, fator nostalgia e o apelo das turnês de despedida (algumas delas durando algumas décadas), da volta, da celebração de 16 anos e 25 dias daquele disco. Enfim, vale tudo.

Mas alguns shows acabam furando a bolha suspeita da primeira fila dos fãs mais fervorosos e surpreendem positivamente quem “só” gosta bastante da banda.

Já havíamos contado por aqui sobre os muitos pontos positivos e os poucos negativos de como foi a apresentação do System of a Down em Curitiba, semana passada.

Com as expectativas devidamente recalibradas, comparecemos às duas primeiras das três apresentações em São Paulo, no sábado e no domingo que passaram, ambas no Allianz Parque, Fomos tentar captar e entender um pouco mais do por que essa Wake Up Tour tem repercutido tão bem e causado tanta comoção.

E o primeiro sinal de tudo isso já estava lá no nosso primeiro post, antes dos shows, quando comentamos sobre os setlists apresentado em países vizinhos.

Uma excelente dica/termômetro para esperar algo acima da média e decidir se vale o ingresso: nenhuma banda se prepara para uma tour de forma gelada, protocolar e restritamente com foco financeiro, tocando 30 músicas e, principalmente, variando significativamente e enchendo o setlist de surpresas.

Alguns artistas dependem de toda uma cenografia, coreografia e tudo mais atrelado em simbiose a cada uma das músicas e esses são um caso a parte. Se a banda deixa na manga vários sons a mais do que vai executar em um dia, pode esperar que é bem grande a chance de presenciar performances com energia extra e aquela pegada de quem realmente quer apresentar algo mais impactante e além.

Com personalidades tão distintas que impedem o System of a Down há décadas de conseguirem se juntar no estúdio para produzir um novo álbum, também pode acender um alerta sobre a integridade, entrosamento e harmonia dos caras. mas os sorrisos em cima do palco e as boas interações entre eles também provam que a fase é, sim, das melhores.

Já havia assistido a outras apresentações do grupo por aqui, sempre soando fantásticos, é verdade, mas acho que nenhuma delas com tanta vontade de tocar. E é absurdo perceber como isso faz toda a diferença.

Dá para aproveitar as já manjadas catarses óbvias de megahits como “Chop Suey” e “Toxicity” e é realmente espetacular mesmo vivenciar algo desse tipo bem no meio da galera explodindo em sua máxima potência.

Mas ver o brilho nos olhos e as reações de alguns fãs com momentos possivelmente ainda muito mais especiais, em músicas como “Roulette”, “Lost in Hollywood”, “Deer Dance” ou “Suggestions”, eleva o nível das boas e genuínas emoções lá para a estratosfera.

Aliás, como o Fernando Scoczynski bem destacou na sua resenha de Curitiba, fora a turma descolada e deslocada pega no hype, pelo menos uma boa parcela do verdadeiramente emocionado público vem sendo um importantíssimo espetáculo à parte.

Impossível mensurar em palavras, mas tudo isso somado ajuda a explicar pelo menos um pouco do tamanho do barulho que vem fazendo e indica que, talvez, realmente essa seja a tour definitiva e insuperável do System of a Down por aqui.

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* O último show da banda americana System of a Down no Brasil acontece hoje, novamente em São Paulo, desta vez no Autódromo de Interlagos. Cerca de 70 mil pessoas são esperadas.

** Este texto é do nosso poploader heavy Alexandre Gliv Zampieri.

*** As fotos da banda destacadas neste post são de autoria de Iccaro Bass Cavalera (@ibcavalera).
As imagens foram feitas nos dois shows do Allianz Parque, em São Paulo.

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Postado por Lúcio Ribeiro   dia 14/05/2025
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Terreno Estranho – horizontal fixo Mark Lanegan