A POPLOAD OUVIU: “Council Skies”, o sólido e ótimo novo disco de Noel Gallagher

A POPLOAD OUVIU: “Council Skies”, o sólido e ótimo novo disco de Noel Gallagher Foto: divulgação

Enquanto treta com seu irmão Liam sobre uma remota volta do Oasis, Noel Gallagher continua firme e forme em sua trajetória como artista solo, mas cada vez mais junto e misturado com sua banda no projeto High Flying Birds.

No dia 2 de junho, semana que vem, ele lançará seu quarto álbum de estúdio, “Council Skies”, uma espécie de volta a suas raízes sonoras e de vida, tanto que toda a estética do projeto está ligada a Manchester até na capa, que tem a foto dos instrumentos do grupo fincadas na rotatória onde, até o início deste século, era localizado o círculo central do Maine Road, antigo estádio do Manchester City, paixão que certamente é uma das poucas concordâncias existentes entre os dois irmãos problemáticos.

Dito isso, é bom ressaltar desde já que “Council Skies”, disco que a Popload já teve acesso, aparece como o trabalho mais sólido de Noel pós-Oasis e ganha 4 estrelas por aqui, mesmo pensamento de publicações importantes como “MOJO” e “Uncut”. O projeto consegue encarar com honestidade “Chasing Yesterday”, álbum lançado em 2015 e praticamente consenso entre os fãs como o melhor dele em carreira solo.

Se este agora é melhor, o veredicto será de cada um.

Mas a notícia é ótima para os fãs, que tiveram reações mistas nos trabalhos apresentados por Noel nos últimos anos, desde o álbum “Who Built The Moon?” aos EPs em série que eram puxados por um experimentalismo eletrônico às vezes fora da casinha.

Das canções divulgadas oficialmente por Noel até agora, “Pretty Boy” e “Council Skies” são as que vagamente se aproximam dos sons mais recentes, ainda assim se distanciando para influências claras de The Cure e New Order, respectivamente. Em dois opostos, “Easy Now” remete a uma balada clássica com a assinatura habitual do hitmaker Noel, enquanto a melancólica “Dead to the World” aparece como um delicioso passo ousado.

Mas são as faixas ainda inéditas que tornam o novo disco tão sólido e agradável, e que devem fazer com que Noel de certa forma recupere os fãs que estavam torcendo o nariz nos últimos tempos.

Mantendo a tradição de sempre abrir seus álbuns desde o Oasis com uma canção em alto nível – e aqui cabe relembrar que a trajetória de “Definitely Maybe” se inicia com a incrível “Rock N’ Roll Star, por exemplo – a linda “I’m Not Giving Up Tonight” soa contemplativa, com ares de soul e backing vocals com um pé no gospel, além de uma orquestra muito bem colocada na melodia, inclusive, uma marca registrada do projeto.

“Open the Door, See What You Find” traz um som retrô, que remete ao pop dos anos 60, mas mais uma vez com a orquestra como protagonista e uma bateria marcada estilo The Animals. Tem até alguns sinos no meio e cara de próximo single.

Já “There She Blows” começa com estrutura diferente, com vozes do próprio Noel sobrepostas, linha de baixo destacável, viradas, interrupções e até um solo de guitarra estridente. Sério.

Em “Love Is a Rich Man”, Noel rouba sem pudor as batidas de “I Am the Resurrection”, clássico do Stone Roses. Mas segundos depois a canção ganha um estilo alto-astral que faz lembrar bastante Bruce Springsteen, com set de metais e até cornetas.

Fechando a tríade mais surpreendente do álbum, um Noel raiz conhece um Noel mais moderninho em “Think of a Number”, com levada que parece que já conhecíamos, mas que também nunca ouvimos antes, justamente porque a música caminha por vias surpreendentes ao longo de seus quase 6 minutos de duração, abrindo espaço para um teclado que lembra um timbre de Pet Shop Boys em seus momentos mais viajados, antes de explodir em um solo muito característico de Johnny Marr (a confirmar), que fez participações esporádicas no projeto.

“Let’s think of a number/ And I’ll try to guess your name/ Let’s drink to the future/ I hope it comes round again”, diz a letra.

Para fechar o álbum, a edição internacional traz duas faixas mais ou menos conhecidas pelos fãs. São elas a melancólica “Trying to Find a World That’s Been and Gone” e a vibrante “We’re Gonna Get There in the End”. Ambas foram divulgadas em suas versões demo por Noel durante a pandemia e ganharam alguns caprichos como inserções de orquestra e backing vocals pontuais, mas tiveram suas estruturas mantidas.

Quem esteve ao lado de Noel nos últimos tempos um pouco mais desafiantes, com certeza irá continuar. Quem torceu o nariz, com certeza terá um ouvido mais atento para a reconciliação.

“Council Skies” estará nas lojas e plataformas dia 2 de junho e foi produzido pelo próprio Noel em parceria com Paul Stacey. O projeto será divulgado em diversos formatos, com um segundo disco incluindo remixes de Robert Smith (The Cure), Pet Shop Boys e uma cover de “Mind Games”, de John Lennon.

“Council Skies” – Tracklist

  1. “I’m Not Giving Up Tonight”
  2. “Pretty Boy”
  3. “Dead to the World”
  4. “Open the Door, See What You Find”
  5. “Trying to Find a World That’s Been and Gone: Part 1”
  6. “Easy Now”
  7. “Council Skies”
  8. “There She Blows!”
  9. “Love Is a Rich Man”
  10. “Think of a Number”
  11. “We’re Gonna Get There In the End”

*** Agradecimento: Sour Mash

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